CONJUNTURA

Governo chines injeta US$ 17 bi no sistema financeiro para conter turbulência

Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou em alta de 1,59%, aos 114.064 pontos, o terceiro resultado positivo seguido

João Vitor Tavarez*
Bernardo Lima*
postado em 24/09/2021 06:00
Segundo comunicado do presidente da Evergrande, Hui Ka Yan, a prioridade da empresa é ajudar investidores a resgatar suas aplicações -  (crédito: Windmemories/Wikimedia Commons)
Segundo comunicado do presidente da Evergrande, Hui Ka Yan, a prioridade da empresa é ajudar investidores a resgatar suas aplicações - (crédito: Windmemories/Wikimedia Commons)

Os mercados globais reagiram bem, ontem à decisão do governo chinês de injetar US$ 17 bilhões no sistema financeiro local. O socorro — o maior em oito meses — ocorreu no dia de vencimento de títulos da Evergrande, segunda maior companhia de construção do país, que enfrenta dificuldades para gerenciar uma dívida que, no total, alcança US$ 300 bilhões. Um eventual calote da companhia poderia precipitar uma crise na economia chinesa, com efeitos ao redor do mundo.

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou em alta de 1,59%, aos 114.064 pontos, o terceiro resultado positivo seguido. O dólar permaneceu estável cotado a R$ 5,310, com alta de 0,1%. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 1,48%. Segundo analistas, o bom humor dos investidores reflete também o anúncio do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que adotará uma estratégia gradual para reduzir os estímulos econômicos adotados para combater os efeitos da pandemia.

O movimento do governo chinês, contudo, pesou bastante. Segundo comunicado do presidente da Evergrande, Hui Ka Yan, que ontem teria que honrar o pagamento de um valor equivalente a R$ 83 milhões em juros, a prioridade da empresa é ajudar investidores a resgatar suas aplicações. Diante do comunicado, as ações da gigante chinesa subiram 32% em Hong Kong.

Para o sócio proprietário da SM Managed Futures e professor do Insper, João Luiz Mascolo, o anúncio de intervenção do governo chinês é uma tentativa de garantir uma “queda controlada” da Evergrande. “O Partido Comunista Chinês não quer deixar uma coisa dessas afetar a imagem deles. Então, acho que estão fazendo uma queda controlada. Acho que não vão subsidiar, mas acho que estão evitando uma catástrofe”, disse.

Dúvidas

O pacote de resgate ajuda a gigante imobiliária num momento difícil, mas o economista avalia que também coloca o destino da empresa nas mãos do governo, que deve decidir os seus rumos a partir de agora. “Tenho dúvidas de até que ponto o governo chinês está disposto a colocar dinheiro na Evergrande e conduzir isso de uma forma que evite sacolejo grande no mercado. Acho que eles podem tentar achar um comprador, achar um sócio ou entrar com metade do dinheiro. Só não vão deixar a Evergrande simplesmente quebrar”, acrescentou Mascolo.

Para o gestor de investimentos da Parmais, Alexandre Amorim, o anúncio do Fed fez a diferença. “O Fed americano é o que realmente acaba mexendo com o mercado e com o crescimento mundial no médio prazo. Foi uma sinalização um pouco mais assertiva da retirada de estímulos e o estabelecimento de um prazo para que eles terminem”, observou.

* Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo

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