As trocas comerciais com a China responderam por 67% do superávit acumulado pela balança comercial do Brasil de janeiro a agosto deste ano, segundo os dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
No mês de agosto, a balança comercial atingiu um novo valor recorde na série histórica, de US$ 7,6 bilhões, o que levou a um saldo de US$ 52,1 bilhões acumulados nos oito primeiros meses deste ano. O saldo do comércio com a China foi de US$ 35 bilhões. Sem as trocas comerciais com os chineses, o superávit brasileiro teria sido de US$ 17,1 bilhões.
"Em adição, com o segundo maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos, o país é deficitário", alertou a FGV, em nota.
O Icomex lembra que a soja, o minério de ferro e o petróleo explicaram 45% das exportações brasileiras no de janeiro a agosto, período em que a China comprou 63% das vendas externas brasileiras de minério de ferro, 69% da soja em grão e 49% do petróleo. A China também teve elevada participação nas compras de carne bovina (57%) e celulose (42%) brasileiras.
"Os ventos favoráveis da balança comercial estão estritamente associados ao desempenho no mercado chinês. Supondo que este continue favorável, os possíveis riscos seriam: aumento das importações com a retomada de um crescimento sustentado do país, num ambiente de valorização cambial, e/ou uma queda acentuada nos preços das commodities. Para 2022, o aumento das importações com crescimento sustentado é um cenário distante, logo a questão se resume, em grande medida, ao desempenho da China para assegurar o crescimento das exportações do país. Com o fim dos estímulos associados às políticas para enfrentar os efeitos recessivos do Covid, é esperada uma menor demanda para minério de ferro. Questões climáticas podem continuar afetando o preço dos grãos e, ao mesmo tempo, a reorganização da criação de suínos na China pode diminuir a demanda por ração animal (soja). A demanda chinesa poderá se traduzir em taxas menores de crescimento, mas não esperamos um recuo nas suas importações", avaliou a FGV.
O relatório do indicador ressalta, porém, que considerando uma perspectiva de médio e longo prazo, o Brasil deveria buscar garantias via acordos com a China para as vendas de commodities ao mesmo tempo em que deveria perseguir uma diversificação da pauta exportadora em termos de produtos e países de destino.
Segundo a nota do Icomex, o "superávit comercial para 2022 está assegurado, o que é um fator importante, num momento em que há incertezas quanto à entrada de capital via investimentos diretos ou em portfólio no país. Como o país é historicamente deficitário em serviços e rendas, um menor déficit em transações correntes fica dependente da balança comercial".
Em agosto de 2021, o volume exportado pelo Brasil para o resto do mundo cresceu 8,6% ante agosto de 2020, enquanto o volume importado avançou 39,0%. No acumulado do ano, o volume das exportações subiu 4,4%, e o de importações cresceu 24,8%.
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