O Instituto IBGE divulgou nesta quinta-feira (02/09) os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), que mostram que a produção industrial apresentou queda de 1,3% na passagem de junho para julho, após retração de 0,2% no mês anterior. Com o resultado, a indústria acumula queda de 1,5% em dois meses, após alta de 1,2% em maio. No ano, a indústria acumula alta de 11% e, em doze meses, de 7%.
Segundo a pesquisa, com o resultado de julho, a produção industrial ficou 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020. O retrocesso de julho alcançou duas das quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 26 ramos pesquisados. “Em linhas gerais, o comportamento de julho não difere muito do que a gente vem observando ao longo desse ano, já que dos sete meses, em cinco houve queda”, explica André Macedo, gerente da pesquisa.
Em janeiro de 2021, a produção industrial chegou a estar 3,5% acima do patamar pré-pandemia. Porém, de acordo com Macedo, esse resultado permanece ligado aos efeitos da pandemia da Covid-19. “No início do ano, houve fechamento e restrições sanitárias maiores em determinadas localidades, que afetaram o processo de produção. Com o avanço da vacinação e a flexibilização das restrições, a produção industrial agora sente os efeitos do encarecimento do custo e do desarranjo de toda cadeia produtiva”, observa.
A pesquisa também destaca que os efeitos da demanda doméstica também contribuem para o resultado. "Uma das influências negativas mais importantes da produção industrial de julho foi do setor de bebidas, que caiu 10,2%, interrompendo três meses de taxas positivas consecutivas, quando acumulou alta de 11,7%", afirma os dados. Outro setor que pressionou o resultado foi de produtos alimentícios, com queda de 1,8%, a segunda seguida, acumulando perda de 3,8%.
Para Macedo, há dificuldade das pessoas em obter emprego. "Com um contingente importante fora do mercado de trabalho, a precarização do emprego e a retração na massa de rendimento, como mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada na terça-feira (31) pelo IBGE”, enumera. E ressalta também que a contribuição do processo inflacionário vem diminuindo a renda das famílias e o consumo no dia a dia, conforme expôs o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado há algumas semanas pelo IBGE. “O resultado da indústria está no escopo dos resultados de renda, emprego e inflação mostrado pelas demais pesquisas”, ressalta.
Outras contribuições negativas importantes para o resultado da PIM de julho foram dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,8%), de máquinas e equipamentos (-4,0%), de outros equipamentos de transporte (-15,6%) e de indústrias extrativas (-1,2%). "Já entre as sete atividades com crescimento na produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,8%) exerceu o principal impacto positivo, com o terceiro mês seguido de avanço e acumulando, nesse período, 10,2% de aumento", destaca o estudo.
Segundo pesquisa, nas grandes categorias econômicas, houve quedas em bens de consumo duráveis (-2,7%) e bens intermediários (-0,6%). "Com a primeira marcando o sétimo mês seguido de queda e acumulando nesse período (perda de 23,4%) e a segunda recuando 3,2%, no quarto mês consecutivo de queda. Os setores de bens de capital (0,3%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (0,2%) tiveram resultados positivos, com o primeiro marcando a quarta expansão seguida (total de 5,9% no período) e o segundo devolvendo pequena parte do recuo de 1,7% em junho", observa o estudo.
Em comparação ao mesmo mês de 2020, a pesquisa mostra que a produção industrial cresceu 1,2%. "Com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 26 ramos, 46 dos 79 grupos e 54,4% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que julho de 2021 teve um dia útil a menos do que julho de 2020 (22 contra 23)", mostra. Entre as atividades, as principais influências positivas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (21,2%), metalurgia (24,8%) e máquinas e equipamentos (26,2%).
Das doze atividades em queda, como os produtos alimentícios (-10,3%), exerceu a influência negativa mais intensa. "Se destacam dentre essas contribuições negativas, os ramos de bebidas (-15,2%), de indústrias extrativas (-2,7%), de móveis (-14,4%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-9,8%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,1%) e de máquinas, aparelhos e materiais", conclui.
André Macedo pondera que essas taxas se devem, em grande medida, à baixa base de comparação, já que em 2020, a produção industrial foi muito afetada pelo isolamento social para conter a pandemia de Covid-19 e atingiu patamares negativos históricos.
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