O pecuarista Adriano Varela Galvão, vice-presidente da Associação de Criadores de Guzerá do Brasil, afirma que a conjuntura internacional é a grande responsável pelo alto preço da carne no Brasil, país que mais produz e exporta gado no mundo.
"O grande balanço da história foi o problema da peste suína na China, que provocou um rearranjo de consumo lá. Isso mudou o patamar mundial de consumo de carne, com o consumo internacional forte e o dólar a R$ 5", disse Galvão, nesta sexta-feira (27), em entrevista ao programa CB.Agro, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília. "A carne é uma commodity, então, teve um rearranjo de preço interno em função da demanda externa e do dólar."
Galvão destacou que o aumento da produtividade por hectare ajudaria as fazendas a resistirem ao preço da carne no mercado externo. De acordo com ele, hoje a capital federal é referência no assunto. "Brasília está se especializando muito em quebrar a curva das commodities. Se pegarmos produção total, teremos um número pequeno, mas quando você mede produção por hectare, aí Brasília dá um banho", enfatizou.
A falta de espaço na unidade federativa levou os pecuaristas locais a se desenvolverem na área do cuidado com a fazenda. "O DF tem um problema de produção pela pequena área que temos aqui. Com trabalhos como o nosso de seleção, de gado puro, temos um valor agregado. Acredito muito mais em um mercado de Brasília especializado em genética do que na produção de carne e leite", frisou.
De acordo com Galvão, o grande desafio do criador de gado, hoje, é a necessidade de virar um agricultor. "Você precisa cuidar dos pastos, dividir, adubar, para aumentar a taxa de lotação da fazenda. Assim, consegue botar mais animais por hectare e melhorar a produtividade."
Além do cuidado do solo, é importante que o pecuarista moderno consiga produzir o gado com maior eficácia, por meio do cruzamento entre raças ideais para isso. "O guzerá é uma saída para isso. Pode ser usado no cruzamento com outra raça, que resulta em bezerros mais pesados. Isso é o ideal, porque, assim, o animal chega ao ponto de abate mais cedo. A heterose entre raças é, sem dúvida, uma ferramenta indispensável para quem quer aumentar a produtividade", ressaltou.
*Estagiário sob supervisão de Cida Barbosa