O Banco do Brasil oferecerá condições de crédito especiais para recuperação dos estragos causados pelas geadas, que têm castigado diversas regiões do país. A afirmação foi feita, nesta terça-feira (24), pelo presidente da instituição financeira, Fausto de Andrade Ribeiro, durante o lançamento do programa Investimento Agro, com aporte de R$ 8,5 bilhões.
"As geadas afetaram diversas culturas nesse momento, e vamos apoiar aqueles produtores que necessitam recuperar suas lavouras, oferecendo condições diferenciadas de prazos e taxas", disse Ribeiro. Segundo ele, serão R$ 2 bilhões de crédito destinados para essa finalidade. "Será 1 bilhão para recuperação de cafezais danificados, e outro R$ 1 bi para outras lavouras afetadas pela geadas", anunciou.
De acordo com Fausto, um dos instrumentos de proteção para os produtores afetados pela condição climática é o seguro agrícola e o pró-agro, que oferece proteção de preços. "Com as recentes geadas, mais de 17 mil sinistros foram acionados entre seguro e proagro. Destes, 80% já tiveram vistoria realizada", disse o presidente do BB.
Investimentos
O valor destinado ao reparo de danos das geadas não entra no montante de R$ 8,5 bi do "Investimento Agro". O novo programa, segundo Fausto, destinará R$ 5,5 bi para a recuperação de pastagens, investimento em energia renovável, irrigação e produção integrada na avicultura e suinocultura. Além disso, financiará a aquisição de máquinas e equipamentos. "Outros 2 bilhões irão para armazenagem e inovação, e mais R$1 bi para o BB Consórcio Armazenagem, que oferecerá prazo de até 240 meses para pequenos e médios produtores na aquisição de silos", disse o presidente do banco, referindo-se às estruturas para a armazenagem de produtos agrícolas.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, assinou, junto a Fausto de Andrade, os termos para disponibilização dos recursos. Para a ministra, ainda é cedo para contabilizar os prejuízos causados pelas geadas e, apesar das adversidades, as expectativas para a próxima safra são boas. "No mês passado, visitamos lavouras e vimos os estragos que as geadas trouxe aos cafezais de Minas e São Paulo, é impressionante", contou.
"Ainda levará um tempo para se verificar o tamanho real das perdas que ocorreram e mesmo em ano de aperto fiscal como este, o agro é tão forte que os produtores estão animados em produzir e prometendo safra maior do que pensávamos", disse. Tereza Cristina ainda relembrou que, além do crédito de R$1 bi disponibilizado pelo BB, o governo federal e o MAPA têm um fundo chamado Funcafé, que destina crédito de R$6 bi todos os anos ao setor da cafeicultura brasileira.
Em julho deste ano, o Banco do Brasil anunciou R$135 bilhões para financiamentos ao setor agrícola. O crédito é o maior da história do Plano Safra, e mais da metade do total de R$251,2 bilhões destinados pelo plano na edição 2021/2022. As linhas de crédito são destinadas aos produtores rurais, desde os pequenos aos grandes, incluindo cooperativas e agroindústrias. Somente na agricultura familiar e pelo BB, 56 mil produtores já contrataram crédito, em mais de 4.400 municípios. "O ritmo de contratações está acelerado, com mais de R$23 bilhões de desembolso até o momento, um aumento de 61%, o que significa que a safra vem forte", afirmou Fausto.
Negócios sustentáveis
O maior desafio do BB, segundo o presidente Fausto de Andrade, é ampliar a sua carteira de negócios sustentáveis. Segundo ele, atualmente, existe um saldo de R$102 bilhões de saldo, e o banco busca alcançar, até 2025, R$125 bilhões, valor que será ultrapassado, acredita. "Esse é um dos pilares da atuação do BB, seja em crédito ou consórcios. Desembolsamos quase R$900 milhões em crédito para painéis solares e equipamentos de eficiência energética. Também tem destaque o programa de agricultura de baixo carbono, com financiamentos de mais de R$1,6 bi", pontuou, durante o evento.
Além do presidente do BB e da ministra da Agricultura (os únicos que se pronunciaram durante a solenidade de lançamento do programa), estiveram presentes no evento o presidente da República, Jair Bolsonaro; Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil; o ministro da Economia, Paulo Guedes; o ministro da Secretaria Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos; Flávia Arruda, ministra da Secretaria de Governo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno Ribeiro; e outras autoridades políticas, imprensa e produtores rurais.