Agro

Três estados e DF têm áreas com grande potencial para cultivo do pêssego

De acordo com Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal são localidades com baixo risco para a cultura

Gabriela Chabalgoity*
postado em 23/08/2021 17:36 / atualizado em 23/08/2021 17:37
 (crédito: Bellini/Divulgação)
(crédito: Bellini/Divulgação)

O novo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para as culturas do pêssego e da nectarina identificou novas áreas onde as culturas podem ser cultivadas. O documento indica as áreas e períodos de menor risco climático no país e define as regiões mais indicadas para o cultivo, de maneira a reduzir perdas e garantir rendimentos mais elevados. Elaborado com base em estudos da Embrapa Clima Temperado (RS) e da Embrapa Informática Agropecuária (SP), o novo Zarc foi publicado este mês pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O estudo identificou três regiões de altitude elevadas que, em sistemas irrigados, apresentaram condições agroclimáticas de baixo risco (até 20%), mas que atualmente não possuem cultivo. No Mato Grosso do Sul, o município de referência é Ponta Porã, na Serra de Maracaju (600m de altitude). Em Goiás, na região do Planalto Central (800m a 1.000m), a área favorável segue um eixo sul-norte, desde Cristalina até Alto Paraíso de Goiás, incluindo também o Distrito Federal. Na Bahia, destacam-se os municípios de Piatã e Mucugê, na Chapada Diamantina (1.000m).

A metodologia empregada foi unificada, pela primeira vez, para ampliação das avaliações em todo o Brasil. “O trabalho mostrou regiões do país com condições semelhantes às do Rio Grande do Sul, com potencial e que podem ser exploradas, criando um novo desafio para a pesquisa nacional de testar a viabilidade dessas áreas”, explica o pesquisador da Embrapa responsável pelo trabalho, Carlos Reisser Júnior.

O documento indica regiões potenciais para o cultivo comercial apenas com base no clima e na disponibilidade hídrica. É o que afirma pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária responsável pelo agrometeorologia e geoprocessamento do zoneamento, Ivan de Almeida. Segundo ele, outros fatores também precisam ser considerados para o bom desenvolvimento do pomar e para o sucesso econômico da propriedade, como perfil do produtor, nível de tecnologia empregado e acesso a mercados. “Por mais que as questões ambientais demonstrem que há potencial, há ainda o fator humano. É preciso ponderar com cuidado antes de iniciar qualquer empreendimento”, disse.

Classificação do estudo

A classificação em níveis de risco (de até 20%, de 20% a 30%, de 30% a 40% e de mais de 40%) é feita com base na disponibilidade de água e nos índices de temperatura de cada região avaliada, para as diferentes fases da cultura. Locais com mais de 40% de risco não são recomendados para o cultivo. Os resultados podem ser acessados e baixados no Painel de Indicadores do Mapa, nas Portarias de Zarc por estado e via aplicativo Zarc Plantio Certo (Android e iOS). A consulta é feita por município, tipo de solo, ciclo da planta e decêndio do ano.

De forma mais abrangente para contemplar todo o país, o zoneamento definiu como regiões de alta disponibilidade de frio (superior a 450 HF) àquelas com temperatura mínima média no mês de julho inferior a 10º C; regiões de média disponibilidade de frio (de 200 a 450 HF) com temperatura entre 10º C e 14º C; e regiões de baixa disponibilidade de frio (de 75 a 200 HF) com temperatura entre 14º C e 15º C. São consideradas impróprias regiões com temperatura mínima média do mês de julho superior a 15º C.

A elaboração do material contou com a participação da cadeia produtiva e de representantes de entidades de pesquisa, ensino e extensão. Para isso, foram realizadas reuniões técnicas para definição da metodologia de execução do zoneamento e, posteriormente, para validação dos resultados.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

 

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