A alta inflação em quase todos os itens de supermercado não tem intimidado o consumo nos lares brasileiros, que apresentou alta de 4,01% no semestre, segundo o Índice Nacional de Consumo nos Lares Brasileiros da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado nesta quinta-feira (12/08).
Com o aumento no consumo acumulado no semestre, a taxa quase alcançou a meta estabelecida pelo setor, que é de 4,5% este ano. “Estamos confiantes com a retomada gradual da economia, com o avanço da vacinação, o retorno da normalidade, os investimentos programados pelo setor para o 2º semestre do ano, e com as medidas de auxílio social, que estão sendo debatidas atualmente pelo governo federal”, diz Márcio Milan, presidente da Abras.
A entidade atribui o resultado positivo, principalmente, às medidas sociais e econômicas adotadas pelo governo. Para a Abras, o pagamento da segunda parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas do INSS, a prorrogação do auxílio emergencial por mais três meses e o avanço da campanha de vacinação contra covid-19 foram itens que impulsionaram o consumo. “O depósito da restituição do segundo lote do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) também contribuiu. Foram R$ 6 bilhões que chegaram para 4,2 milhões de contribuintes”, diz comunicado da Associação.
Segundo Milan, uma nova revisão e projeção da meta de consumo será realizada em setembro. Para o segundo semestre, a associação mantém o otimismo. “Os principais itens, que tendem a favorecer a retomada econômica são o pagamento do auxílio emergencial, o terceiro lote da restituição do Imposto de Renda, e datas comemorativas como o Dia dos Pais, feriado de 7 de setembro, Dia da Criança e o Black Friday”, diz a nota.
Cesta básica
A cesta básica de junho teve alta de 1,34%, na relação com maio, segundo os dados da Abras. O valor da cesta, que em maio chegou a R$ 653,42, agora alcança R$ 662,17. Na comparação com junho de 2020, o crescimento foi de 22,1%. Segundo a Associação, entre os produtos que impulsionaram o custo da cesta estão o queijo muçarela (6,93%), o leite (4,69%), o frango congelado (4,38%), o açúcar (4,36%) e o extrato de tomate (3,70%). Mas nem só de aumentos foi marcado o período. De acordo com a pesquisa, tiveram maior queda de maio para junho: cebola (-13,53%), batata (-9,19%), tomate (-5,84%), xampu (-2,30%) e desinfetante (-1,63%). A cebola merece destaque: de acordo com a entidade, no acumulado dos últimos 12 meses, a queda do item foi de 41,57%.
Vale ressaltar que a pesquisa da Abras não é realizada sobre os alimentos básicos, mas sobre os 35 produtos mais vendidos nos supermercados: alimentos, incluindo cerveja e refrigerante, higiene, beleza e limpeza doméstica.
Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que o atual salário mínimo, no valor de R$ 1.100, não é o suficiente para a manutenção da alimentação de grande parte da população, e tem o menor poder de compra para cesta básica em 15 anos. Algumas regiões sofrem mais do que outras, devido à variação da inflação. No Nordeste, a cesta custa R$ 595,70, enquanto no Sul, R$ 724,14. No início do mês, o Correio abordou a luta diária do brasileiro para driblar a carestia com alta no preço dos alimentos.
Nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou sobre as “surpresas negativas” da inflação, que atingiu o setor de alimentos. “Teve a geada recente com quebras de safra, algumas variáveis, mas o BC tem reconhecido esse aumento da inflação, reconhecido o aumento da inflação de serviços, também, essa é uma preocupação. A gente tem acompanhado e buscado os instrumentos para prever e combater (a alta inflação)”, disse Campos Neto, durante participação em evento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
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