É unânime no mercado a aposta de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) vai precisar carregar a mão na Taxa Básica de Juros (Selic) até o fim de 2021. Mas ainda há divergências sobre o tamanho do acerto que será anunciado na reunião de hoje (4/8). Alguns poucos creem que a autoridade monetária manterá a estimativa inicial de subir a taxa em 0,75 ponto percentual. A maioria aposta em 1 ponto percentual, o que levaria a taxa para 5,25% ao ano. O economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC, afirma que não tem saída. Será, no mínimo, 1 ponto agora para que a Selic tenha fôlego para chegar a 7% ao ano.
“A inflação medida pelo IPCA deve ficar em 6,5%, no período. Ou seja, um retorno para o investidor quase no zero a zero. Mas o BC tem que agir para corrigir o que o Ministério da Economia e a política estão fazendo. A cabine que comanda o país está fora de rumo. Passou, estranhamente, a defender distribuição de renda sem desenvolvimento econômico”, apontou Freitas.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, igualmente, espera mais 1 ponto percentual no resultado a ser divulgado hoje. “E também nova alta na mesma magnitude na reunião de setembro, para tentar conter a alta agressiva da inflação. Uma aceleração muito rápida vai jogar a atividade do ano que vem na lona”, explica Sanchez.
Diante das incertezas e da pressão inflacionária, o economista da Ativa assinala que o Produto Interno Bruto “deve vir baixíssimo, em 2022, com alta de 1,8%”. A Ativa tem projeção de 5,25% para a Selic, nessa quarta-feira. Para dezembro de 2021 e, também, para 2022, a estimativa é juros básicos de 7,50%. A corretora projeta o IPCA de 2021 em 6,1% e em 3,5%, para 2022.
Já o economista José Roberto Savoia, da Universidade de São Paulo, afirma que o BC deve ser mais conservador e manter 0,75 ponto percentual divulgado após a reunião de julho. Na análise de Savoia, apesar dos chamados riscos recorrentes — surpresas com a crise hídrica, escassez de insumos e políticas expansionistas do governo —, “o Brasil está em uma trajetória na qual a economia começa a se acertar”. “Minha preocupação maior é com o câmbio, o que mais sofre com a volatilidade”, apontou.
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