O ministro das Comunicações, Fabio Faria, defendeu, nesta segunda-feira (2/8), a urgência da aprovação do Projeto de Lei 591/21, que trata da privatização dos Correios. Em rede nacional, alegou que a única forma de salvar a empresa.
“Peço apoio a todos os deputados e senadores para mantermos essa empresa secular que tanto orgulha nossos brasileiros. Tenho certeza que, com a privatização, os Correios irão expandir os negócios não só no Brasil, mas também no exterior”, disse Faria.
O ministro disse não haver outro caminho para a estatal. “Essa é a última oportunidade para garantir a sobrevivência dos Correios”, disse, fazendo apelo aos parlamentares para aprovarem, o quanto antes, o projeto de lei que autoriza a privatização da estatal de 350 anos e que emprega mais de 100 mil trabalhadores.
O PL sobre a privatização dos Correios está na pauta do plenário da Câmara dos Deputados desta terça-feira. No entanto, a proposta enfrenta obstáculos. Há pendência de parecer da Comissão Especial. Faltam também estudos e as emendas apresentadas pelo relator, Gil Cutrim (PDT-MA) .
O pronunciamento de Faria provocou reação imediata. De acordo com críticos do projeto e que representam os funcionários da companhia que classificaram o discurso do ministro como uma “falácia”. De acordo com Faria, a universalização dos serviços postais estará garantida com a privatização. Mas funcionários advertem que a venda total da estatal, como pretende o governo, vai encarecer os custos dos serviços postais para os brasileiros.
Críticas da oposição
Parlamentares da oposição não pouparam críticas ao ministro das Comunicações. Em uma rede social, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) classificou a mensagem de Faria de "vergonhosa". “Estão apelando porque sabem que a maioria da população é contra a privatização dos Correios. Pressione o parlamentar do seu estado’, escreveu o parlamentar na postagem em que publicou o vídeo.
“Faz em cadeia nacional de rádio e televisão de forma ilegal, tentando pressionar pela aprovação de uma medida que fere a soberania brasileira e que ele sabe que vai aumentar, se for aprovada, o preço das encomendas e das entregas as encomendas no nosso país”, disse Braga.
“O ministro mente em rede nacional. A privatização dos Correios é uma ameaça à cobertura nacional do serviço de entrega e postagens. É o aumento dos preços. Pede votos para parlamentares porque sabe que a população é contra a privatização e sentem pressão nas bases eleitorais”, escreveu a deputada Samia Bonfim (PSOL-SP).
A privatização dos Correios e da Eletrobras tornou-se um dos últimos bastiões da agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes. Quando assumiu o cargo, em janeiro de 2019, ele prometeu arrecadar R$ 1 trilhão com a venda as estatais. Mas a estratégia não decolou, e o governo partiu para vender participações da União.
Com o tempo, o governo reduziu o número de estatais que seriam vendidas. A ideia, agora é avançar, pelo menos, em algumas importantes privatizações antes das eleições para mostrar que o projeto não naufragou totalmente. É nesse contexto que se inserem a Eletrobras e os Correios, que prestam serviços estratégicos para a população.
Ataque ao PT
O ministro aproveitou o discurso para criticar as gestões da companhia durante os governos petistas. Nesse período, segundo Faria, a empresa teve um “triste histórico de corrupção” e foi o epicentro dos escândalos do mensalão e do desvio de bilhões do Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios.
De acordo com Faria, o lucro de R$ 1,5 bilhão dos Correios de 2020 foi “fruto do trabalho duro de gestão de regras de combate à corrupção do atual governo. Ele adicionou que esse lucro é insuficiente para cobrir os R$ 2,5 bilhões por ano que a empresa precisa investir e permanecer competitiva no mercado e garantir maior eficiência, agilidade e pontualidade". O ministro acrescentou que um amplo e longo estudo foi feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a privatização, mas não deu detalhes.
Fontes ligadas a entidades representativas dos funcionários destacaram, no entanto, que esse estudo foi "feito às pressas e sem discussão com a sociedade". “Só o governo tem acesso aos estudos. É uma caixa preta esse estudo de privatização dos Correios dentro do BNDES”, disse a fonte.
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