Agência Estado
postado em 02/08/2021 13:09 / atualizado em 02/08/2021 13:10
O Ibovespa firma-se nos 124 mil pontos na manhã desta segunda-feira, 2, e segue renovando uma série de máximas, em meio ao apetite a risco global, ignorando ruídos políticos internos. Além da alta quase generalizada na carteira, chama a atenção a expectativa de o volume financeiro elevado para o fim do pregão, ainda que o pregão esteja apenas no início do dia.
Às 10h44, o giro financeiro somava R$ 8,79 bilhões, com expectativa de terminar o dia em R$ 76 bilhões, superior à média em torno de R$ 30 bilhões, ou até mesmo aquém desta marca em alguns pregões de julho, como no caso de quinta-feira, quando foi de R$ 27,9 bilhões. O Ibovespa subia 1,95%, aos 124.171,08 pontos, ante máxima diária a 124.280,94 pontos (elevação de 2,04%). Só três ações do índice cediam: BB Seguridade (-1,45%), após informar balanço do segundo trimestre, CSN ON (-0,20%) e Grupo Natura (-0,06%). A BB Seguridade teve no segundo trimestre deste ano lucro líquido de R$ 753,7 milhões, resultado 23,2% menor que o registrado um ano antes.
O Ibovespa começou o mês tentando apagar as perdas de quase 4% computadas em julho, com a ajuda do exterior calmo. O apetite a risco internacional tem como base resultados corporativos fortes e alguns indicadores de atividade também reforçando retomada, ainda que siga no radar preocupação com o espalhamento da variante delta do coronavírus no mundo.
Na sexta-feira, 20, o Ibovespa fechou em queda de 3,08%, aos 121.800,79 pontos acumulando recuo de 3,94% em julho.
O bom humor na B3 não é nem mesmo ofuscado pelas preocupações políticas, que envolvem, ainda, afirmações do presidente Jair Bolsonaro de fraude nas eleições passadas, debate sobre o Bolsa Família fora do teto e a discussão de mudanças nas regras de pagamento de precatórios pode sustentar cautela dos mercados.
"Pelo menos, agosto indica que começar melhor do que terminou julho. Saíram dados da Alemanha, balanços na Europa HSBC e Heineken. Apesar das preocupações com a variante Delta, os investidores parece que olham um pouco mais agora para os resultados das empresas. E isso pode dar uma acalmada", avalia, Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest.
Um clima ameno pode na Bolsa pode perdurar pelo menos até que a agenda carregada de indicadores e de balanços por aqui ganhe tração, com destaque para os resultados do segundo trimestre do Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Petrobras.
Aliás, as ações da companhia petrolífera devem ficar no centro das atenções, após a estatal informar que "não há definição" sobre a participação da empresa em novos programas sociais em estudo pelo governo e que qualquer decisão estará "sujeita à governança de aprovação e em conformidade com as políticas internas da companhia". A afirmação é resposta ao presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que a estatal tem uma reserva de R$ 3 bilhões para custear a criação de um vale-gás para a população carente.
Nem o declínio do petróleo no exterior, após ganhos recentes, pesa nas ações da Petrobras, enquanto a alta de 1,57% do minério de ferro, na China, pode ajudar na recuperação dos papéis da Vale. Consequentemente, reforçar a expectativa de alta do Ibovespa, a despeito de os temores relacionados às intervenções chinesas no preço da commodity continuarem e do recuo do PMI industrial do país. Petrobras subia 1,82% (PN) e 2,47% (ON), enquanto Vale ON avançava 1,80%, tendo ainda elevações de papéis do setor financeiros, em semana de divulgações de balanços de grandes bancos no Brasil e de decisão do Copom.
Para o encontro desta semana, de 51 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 44 (86%) preveem aumento da Selic em 1 ponto porcentual, para 5,25%. As sete demais (14%) apostam em alta de 0,75 ponto. Segundo Friedrich, na Bolsa, a alta já estaria precificada, a não ser que o resultado surpreenda.
"Expectativa com resultados corporativos positivos anima os investidores a apostarem nos ativos de risco", descreve nota da MCM Consultores. A consultoria destaca que o mercado local pode se recuperar das fortes quedas da última sexta-feira por conta do ambiente externo positivo e que acompanharão as ações do governo na questão dos precatórios.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o governo voltou a discutir mudanças nas regras de pagamento de precatórios após identificar um crescimento expressivo dessa despesa na elaboração da proposta de Orçamento para 2022.
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