Aqueles que pretendem concretizar o sonho da casa própria devem ficar atentos. Sem alarde, na última terça-feira, o Santander elevou os juros do financiamento imobiliário em um ponto percentual, de 6,99% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR, atualmente zerada) para 7,99% anuais. Foi a primeira instituição financeira a tomar essa medida. Para especialistas, esse movimento isolado não terá impactos imediatos para o consumidor final, mesmo que outros bancos sigam na mesma linha. No médio prazo, por outro lado, o preço dos imóveis e consequentemente o valor das mensalidades vão ficar mais salgados.
Celestino Fracon Júnior, vice-presidente administrativo e financeiro da Associação das Empresas do Mercado Imobiliários (Ademi-DF), afirma que qualquer alteração na taxa de juros é acompanhada com lupa. Mas, diante do aquecimento das vendas e da demanda, mesmo que haja ajustes para cima nos juros do financiamento, dificilmente eles afetarão a intenção de compra do cidadão que, durante a pandemia, vem buscando imóveis maiores ou até mesmo o primeiro imóvel. “Vivemos no patamar de juros mais baixos da história. Há cerca de três anos, por exemplo, as taxas eram de 11% a 11,5% ao ano. Hoje, estão entre 6,25% a 7,5%, dependendo do relacionamento do cliente com o banco”, analisou.
Ele disse que a conjuntura favoreceu um crescimento perene e estruturado, que deve permanecer, pelo menos, por dois anos. “Não é um soluço do mercado”, explicou Fracon Júnior. Para os clientes potenciais, afirma, a hora é de aproveitar o momento e investir na casa própria. O Índice de Velocidade de Vendas (IVV) de maio – último dado disponível — foi de 8,1 no Distrito Federal. “Significa que, de cada 100 imóveis disponíveis, venderam-se 80. Surpreendeu. E já pensamos em refazer os cálculos. É claro que, em 2020, tivemos a contaminação pelo coronavírus. Mas é importante ressaltar que, de janeiro a maio de 2021, as vendas foram seis vezes maiores que as registradas no mesmo período do ano passado”, contabilizou o vice-presidente administrativo e financeiro da Ademi-DF.
Longo prazo
Cleberson Marques, diretor-executivo da Atmo Desenvolvimento Imobiliário, ponderou que é natural que os bancos transfiram o risco do mercado para a taxa ao mutuário. “A inflação está subindo, o governo está reagindo, aumentando a Taxa Básica de Juros (Selic), e isso interfere diretamente no financiamento imobiliário. Com certeza, a parcela vai aumentar, até mesmo para quem já contratou, se não tiver atrelado a uma taxa pré-fixada, porque os bancos precisam mostrar aos investidores que estão se adequando, e a previsão é de que a Selic chegue a 6,5% ao ano ou até 8,5%, para alguns pessimistas. Então, não tem jeito”, destacou.
Mas, ressalta o diretor-executivo da Atmo, é preciso considerar que esse tipo de financiamento é de longo prazo, de 20 a 30 anos. No decorrer do tempo, com a inflação sob controle, a Selic também vai se estabilizar, acredita o especialista. Cleberson Marques assinala que é possível que a demanda venha a se reduzir, não apenas pela alta na taxa de financiamento, mas também porque a procura está muito aquecida, neste momento, pelos efeitos da pandemia. “Pode vir a acontecer de ter demanda e não ter oferta. Isso também acarreta aumento de custos. Mas, no momento, as expectativas do mercado ainda são muito positivas. E não devem mudar tão cedo”, avalia Marques.
Por meio de nota, o Banco Santander explicou que o atual ciclo da Taxa Básica de Juros (Selic) afeta a curva de juros no longo prazo, influenciando o financiamento imobiliário. “Os juros da modalidade agora partem de um patamar de 7,99% ao ano, um dos mais baixos da série histórica e mantendo-se atrativo em um momento que segue oportuno para quem pretende adquirir imóvel financiado. O Santander reafirma o seu compromisso de oferecer aos clientes as melhores condições, permanecendo com a oferta de crédito imobiliário atrelado à TR, que possui menos volatilidade do que os produtos indexados (poupança e IPCA)”, informou a instituição.