Ibovespa

Ibovespa bate máximas com NY e projeções da Economia

O índice de inflação ao produtor americano, conhecido por PPI, mostrou alta de 1% em junho na comparação com maio, superando a previsão de 0,6%.

A busca por risco no ambiente externo também atinge os ativos domésticos, apesar da aceleração na taxa de inflação ao produtor de junho dos Estados Unidos. O Ibovespa renova máximas nesta quarta-feira, enquanto o dólar cai aquém de R$ 5,10, puxando também para baixo os juros futuros.
Embora do PPI tenha ficado acima do esperado, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, em discurso antecipado que fará à tarde no Congresso, trouxe alívio. "Apesar de ainda ter pressão inflacionária, Powell disse que a economia precisa se recuperar ainda mais antes que o Fed mude sua postura ultra acomodatícia", avalia Jennie Li, estrategista de ações da XP. Essa ideia, completa, afasta, por ora, os temores do mercado de que os estímulos nos EUA serão retirados antes do esperado.
O índice de inflação ao produtor americano, conhecido por PPI, mostrou alta de 1% em junho na comparação com maio, superando a previsão de 0,6%. O núcleo do PPI também avançou 1%, ante projeção média de analistas de 0,5%.
Apesar do avanço inflacionário, analistas e o Fed mantêm a visão de que essa aceleração é provisória, o que, em tese, não deve antecipar a alta de juros por lá, nem o início da redução dos estímulos fiscais.
No discurso antecipado, Powell disse ainda que "é apropriado manter juros até que metas de emprego e inflação sejam atingidas." Afirmou, ainda, que o Fed avisará o mercado com antecedência antes de anunciar mudança em compras de ativos.
De todo modo, a pressão inflacionária retratada no PPI deve elevar as expectativas da fase de perguntas e respostas de Powell no Congresso. "O dado cheio de junho apresentou uma aceleração acima do esperado, o que somado ao resultado pressionado do CPI (Inflação ao Consumidor) de ontem deve intensificar as expectativas para o discurso do Jerome Powell nesta tarde (13h) e para o Livro Bege divulgado hoje às 15h", escreve em nota a equipe de Research do BTG Pactual digital.
A despeito do discurso do Fed, Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, observa que em algum momento o banco central dos EUA terá de começar a retirar os estímulos, dada a injeção "enorme" de recursos na economia. "Se está tendo inflação, é porque tem algum desequilíbrio, há estímulos acima da capacidade", avalia.
O mercado local ainda observa as avaliações e projeções positivas da Secretaria do Ministério da Economia para as principais variáveis macroeconômicas.
Ao comentar os números, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Bruno Funchal, disse que as estimativas terão impacto no relatório de despesas receitas que será informado na semana que vem. Segundo ele, a revisão de projeção do Produto Interno Bruto (PIB) é resultado de reformas que vêm acontecendo. A estimativa passou de alta de 3,5% para 5,3% em 2021. Já o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, disse que é preciso aproveitar bom momento da economia para continuidade de reformas.
A alta na B3 é mais intensa do que a vista em Nova York, onde a valorização era de 0,18% a 0,64% às 11h14. Na carteira do Ibovespa, boa parte das ações avançava no horário citado. Apenas 13 caíam, de um total de 84, com destaque para Grupo Natura ON (-2,73%).
Apesar do declínio do IBC-BR em maio, de 0,43%, ante abril, na comparação com mediana positiva de 1,05% das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast, o dado é bem avaliado por analistas. Isso porque atribuem o recuo a questões técnicas de ajuste, por causa da pandemia de covid-19, o que não indica tendência ruim para a atividade.
Além do mais, acrescenta Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências Consultoria, o dado de abril foi revisado de alta de 0,44% para 0,85% em relação a março. "Então, imagino que a queda em maio seja mais por causa da questão do ajuste sazonal conturbado, o que não deve esfriar a percepção positiva, de um cenário de crescimento da atividade", afirma.
Na Bolsa, o índice que mede o setor de consumo subia 0,32%, enquanto o imobiliário tinha alta de 1,05%, após o governo decidir isentar de tributos os fundos do segmento, conforme a apresentação do novo texto da segunda fase de reforma tributária apresentado ontem.
"O texto tirou alguns pontos delicados, como o do fundo imobiliário e perspectiva de queda maior da tributação de empresas. Pensando do lado do investidor, eram pontos sensíveis", avalia Campos Neto, ponderando que o texto ainda tende a sofrer alterações até a fase final e que é preciso ficar de olho no efeito que a proposta deverá ter na redução da arrecadação, ficar atento ao fiscal.
Às 11h24 desta quarta, o Ibovespa subia 0,71%, aos 129.079,82 pontos, após alta de 0,45%, aos 128.167,74 pontos. Vale lembrar que hoje tem vencimento de opções sobre o índice.