O auxílio emergencial terá mais três parcelas, de acordo com o Decreto 10.740/21 do Poder Executivo, publicado, ontem, que prorroga o benefício até outubro. De acordo com o Ministério da Cidadania, os valores pagos por mês, atualmente, deverão ser mantidos: R$250 para famílias em geral; R$375 para mães de famílias monoparentais; e R$150 para pessoas que moram sozinhas.
Para garantir a prorrogação do auxílio emergencial, que acabaria em julho, foi divulgada, também nesta terça (06), a Medida Provisória 1056/21, que destina crédito extraordinário de quase R$ 20,3 bilhões ao programa emergencial, que será bancado pela Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
A nova “rodada” do auxílio emergencial deve fomentar os debates econômicos nos próximos dias, tanto sobre os impactos que deverá surtir no cenário econômico doméstico, como pela incerteza fiscal por parte dos especialistas.
Segundo Rodolpho Tebler, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia - IBRE/FGV, o fim do estado de calamidade pública e o retorno ao regime de cumprimento de metas fiscais já alimentam essa incerteza, desde o início do ano.
“Esse ano o governo voltou a ter que cumprir suas metas fiscais. Por isso o auxílio foi menor e menos abrangente do que o anterior”, explica Tebler.
Para o pesquisador, o impacto econômico da prorrogação do auxílio deve ser positivo para o PIB, considerando a alta taxa de desemprego, pois movimenta o mercado de bens e serviços.
“O mercado de trabalho tem dado sinais muito tímidos e a expectativa de que essas pessoas deixem de receber o auxílio e consigam voltar à força de trabalho formal ainda é baixa. O auxílio ajuda a aquecer o mercado, principalmente no consumo de itens essenciais, e os efeitos na economia podem ser sentidos nas previsões de crescimento do PIB”, diz o especialista..
Reflexo na inflação
Além de continuar beneficiando 39,1 milhões de pessoas por mais três meses, a prorrogação do auxílio emergencial, em contraponto, impactará na inflação, já que haverá maior pressão sobre itens básicos para o cálculo do IPCA, o que deverá refletir na elevação da taxa Selic, segundo o economista Joni Vargas, da Zahl Investimentos.
“Sentiremos isso na leitura dos índices dos próximos trimestres, o que deve elevar a taxa Selic mais do que o previsto pelo Banco Central. Não será surpresa se ela bater 7% ou chegar até 7,25% até o fim do ano”, afirma Vargas.
Novo Bolsa Família
No mesmo dia em que o decreto de prorrogação do auxílio foi assinado (05/07), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o programa Bolsa Família deverá ser reformulado, e ter um aumento “substancial” de, pelo menos, 50% no valor médio dos benefícios pagos. O “Novo Bolsa Família” deverá ser implementado a partir de novembro, após concluídos os pagamentos do auxílio.
Para Joni Vargas, a questão fiscal com a prorrogação do auxílio e reformulação do Bolsa Família não é algo tão preocupante este ano, apesar da pressão, pois o Brasil teve arrecadação recorde de impostos.
“Ultrapassamos 100 bilhões acima do previsto, então tem a sobra tributária deste primeiro trimestre, somada ao crédito extraordinário de 20 bilhões e a uma sobra de 8 bilhões do dos recursos para a primeira rodada do auxílio emergencial”, explica o economista.
Apesar de não ser um problema este ano, o pesquisador Rodolpho Tebler, explica que a conta pode ficar alta para 2022.
“Esse ano já existem recursos para aumentar e fazer o Bolsa Família mais gordinho, agregando mais pessoas, mas no ano que vem, de onde vai sair esse recurso? Esse é o grande risco dessa reformulação do Bolsa Família”, afirma.