BOLETIM FOCUS

Mercado financeiro eleva estimativa de inflação para 6,07%

Expectativa do PIB também subiu de 5,05% para 5,18%, segundo boletim divulgado, hoje, pelo Banco Central

Registrando a 13ª alta consecutiva, especialistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação, até o fim do ano, dessa vez de 5,97% para 6,07%. O novo percentual se distancia, ainda mais, do teto da meta anual perseguida pelo Banco Central (BC), de 5,25%. Acompanhando o crescimento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Produto Interno Bruto (PIB) também demonstrou previsão de crescimento pela 11ª vez seguida, de 5,05% para 5,18% no segundo semestre de 2021. As expectativas constam no boletim “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (05/07), pelo BC.

Análise divulgada pelo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio, apontou um crescimento de 1,2% no PIB do Brasil, relacionado aos três meses imediatamente anteriores. Com um total de R$2,048 trilhões, semelhante ao do quarto trimestre de 2019, o PIB voltou ao patamar pré-pandemia.

Em estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o grupo de conjuntura responsável pela análise aponta que a pandemia continua representando obstáculo à retomada “mais forte” da atividade econômica, mas o vislumbramento do fim da crise sanitária, junto à expectativa de valorização cambial e à redução de incertezas fiscais, aumentaram a expectativa de elevação.

“No segundo semestre deste ano, com o avanço da vacinação, diante do ambiente externo favorável e da redução das incertezas fiscais no curto prazo, espera-se crescimento mais sustentado da atividade econômica”, diz carta do IPEA.

Para o diretor de estudos e políticas macroeconômicas do IPEA, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, apesar do crescimento constante do PIB, ainda não existe demanda de mercado suficiente para refletir de modo significativo na alta inflação no Brasil. Para o pesquisador, a elevação ainda está relacionada aos mesmos fatores que elevaram os preços no segundo semestre do ano passado.

“Um dos principais fatores para os altos preços é a desvalorização cambial que foi muito grande ano passado e na virada para 2021 e se mantém, apesar de ter tido uma certa valorização este ano”, afirma.

Ainda segundo Ronaldo, o preço das commodities e a crise hídrica têm refletido bastante nos preços ao consumidor.

"Neste ano, a alta nas commodities têm impactado principalmente no preço do combustível e alimentos. Além disso, a questão da crise hídrica, que está elevando o preço da energia elétrica, pesou muito no IPCA”, explica o pesquisador.

Alívio nos preços deve vir em 2022

“O aumento das atividades econômicas e a elevação nos preços andam juntos”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Ele explica que isso ocorre devido à "lei da oferta e da demanda".

“Quanto mais as pessoas estão vendendo, mais elas vão elevar o preço de equilíbrio”, afirma o especialista.

Desse ponto de vista, Étore explica que, cada vez mais, a economia deve recuperar o fôlego e isso deve refletir na inflação. Por outro lado, a tendência é que a recuperação do cenário de crise sanitária reflita em queda no valor das commodities.

“As commodities no mercado internacional são as principais mantenedoras dos altos índices de preços. Quando essas commodities baixarem, a gente vai ver os preços penderem para baixo, também”, afirma Sanchez.

Para José Ronaldo, o segundo semestre deve apresentar uma desaceleração lenta nos preços. “Aparentemente a economia está conseguindo produzir e vender mesmo com algumas restrições, e a atividade econômica tem respondido bem, se mostrando mais adaptada à situação. A partir de agora, a gente espera uma desaceleração dos preços e, para o ano que vem, o esperado é uma inflação menor que a desse ano, no acumulado de 12 meses”, destaca o pesquisador do IPEA.

Outras previsões

De acordo com analistas do mercado financeiro, a previsão para a taxa Selic, taxa básica de juros da economia, manteve os 6,50% no ano, estimado no boletim Focus anterior. Além das estimativas de alta no PIB e na inflação, os especialistas avaliam que o dólar deve chegar ao fim de 2021 a $5,04, e se manter em R$5,20 no ano que vem. Já o saldo da balança comercial - resultado do total de exportações menos importações - caiu de US $68,80 bilhões para US $68,41 bilhões positivos.

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