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Funcionários do IBGE reagem a críticas de Guedes: "ignorância e inépcia"

Guedes disparou contra o IBGE após o instituto informar que a taxa de desemprego é de 14,6% — o que representa mais de 14 milhões de pessoas em busca de trabalho

Israel Medeiros
postado em 31/07/2021 06:00

Funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chamaram de “demonstrações públicas de ignorância e inépcia” as críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, à metodologia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). Para o sindicato nacional dos funcionários do IBGE (AssIBGE), as falas de Guedes são um delírio governamental que demonstram “uma vontade de regressar ao mundo sem informações”.

“Sob o argumento de que a instituição — vinculada ao Ministério da Economia — está na era da pedra lascada, (Guedes) não esconde seu desejo candente de restabelecer um tempo no qual os dados podiam ser escondidos. As saudades do governo Pinochet, no qual atuou, parecem lhe perturbar a alma”, disse a AssIBGE, em nota, acrescentando que esse tipo de comentário, vindo do ministro da Economia, é preocupante. No caso de Paulo Guedes, porém, “já não causa mais surpresa”.

Caquistocracia

“O IBGE é reconhecido pela excelência do quadro de servidores e goza da confiança do povo brasileiro. Resistirá aos ataques promovidos por esta caquistocracia que há de sucumbir aos bons ventos da democracia”, afirmou o sindicato. O termo caquistocacia é usado para designar uma forma de governo em que prevalecem os indivíduos com as piores qualidades.

Guedes disparou contra o IBGE após o instituto informar que a taxa de desemprego é de 14,6% — o que representa mais de 14 milhões de pessoas em busca de trabalho. No dia anterior, o ministro havia comemorado números do ministério indicando aumento de vagas com carteira assinada. Os dados do IBGE, porém, são mais abrangentes, pois reúnem informações tanto do mercado formal quanto do informal.

“A Pnad do IBGE está muito atrasada, pesquisa feita por telefone. É muito superior a metodologia do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que vem direto das empresas. Então, vamos ter que rever, inclusive acelerar os procedimentos lá no IBGE, porque o IBGE ainda está na idade da pedra lascada”, afirmou Guedes, ao sair de um evento no Rio de Janeiro.

“Estamos gerando praticamente 1 milhão de empregos a cada três meses e meio”, disse. “Desde o começo do ano, já geramos 1,5 milhão de empregos. Desde a pandemia, que cortou 1 milhão de empregos, já geramos 2,5 milhões”, acrescentou. A direção do IBGE preferiu não comentar os ataques do ministro.

Bolsa desaba com temor de risco fiscal

Preocupações com o ajuste fiscal e com o respeito ao teto dos gastos contaminaram as expectativas dos investidores e fizeram o Ibovespa, índice que mede o desempenho das principais ações da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), derreter 3,08% ontem. O indicador caiu para 121.801 pontos e fechou julho com retração de 3,94%, depois de operar cinco meses no terreno positivo. Na semana, a bolsa perdeu 2,6%. O clima de incerteza afetou, também, o mercado de câmbio, e o dólar encerrou a sexta-feira em alta de 2,57%, alcançando R$ 5,21 para venda. A alta da moeda americana no mês (4,66%) é a maior desde janeiro (5,53%).

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