Diante da repercussão negativa de mais uma frase infeliz do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o prato de comida do brasileiro, o Ministério da Economia divulgou nota nas redes sociais, por volta das 23h de sexta-feira, sem comunicar os jornalistas setoristas que acompanham o dia a dia da pasta, lamentando o ocorrido e tentando amenizar a fala do chefe da equipe econômica.
Segundo o comunicado, “o ministro lamentou profundamente o foco da repercussão nas redes sociais sobre o assunto levantado no debate: fome em contexto de pandemia e formas de evitar o desperdício com atendimento às leis de vigilância sanitária”.
A nota ainda informou que “o ministro defendeu a destinação do excedente de comida dos restaurantes às pessoas mais fragilizadas da economia”. Em uma das postagens, Guedes alegou que se referiu à “sobra limpa” dos alimentos preparados e que não são consumidos.
No último dia 19, durante evento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), realizado com a participação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, Guedes defendeu que sobras de restaurantes sejam destinadas a mendigos e pessoas fragilizadas, e afirmou que o prato dos brasileiros das classes médias e altas “tem excessos”, diferentemente dos europeus, que fazem pratos “relativamente pequenos”.
A frase do ministro provocou indignação nas redes sociais, justamente no dia em que ele não proferiu uma única palavra sobre os jabutis — emendas não relacionadas ao tema principal — incluídos na Medida Provisória da privatização da Eletrobras, MP 1031/2021, e que vão encarecer a conta de luz dos brasileiros, segundo especialistas. “O ministro não comentou a proposta em nenhum momento durante a votação, mas resolveu criticar o prato do brasileiro”, lembrou uma economista, que ficou indignada com a declaração de Paulo Guedes.
Na justificativa da pasta, a culpa recaiu sobre a ironia da imprensa e dos políticos em um comentário de Guedes. “Muito desconhecimento quanto a um conceito básico de segurança alimentar. Apenas em um contexto de total polarização política, expressar ideias de combate ao desperdício e auxílio aos mais necessitados seja motivo de ironia na imprensa e entre políticos (…), os quais deveriam discutir de forma propositiva saídas para este momento triste da história mundial. Num momento em que o mundo passa por obstáculo sanitário, seria a hora das pessoas se unirem para encontrar soluções sustentáveis, produtivas e humanas.”
Não é a primeira vez que o minsitro provoca polêmica com suas frases preconceituosas. Ele já criticou domésticas que viajavam para a Disney e os filhos de porteiros que fazem faculdade.