Conjuntura

Dólar baixo reduz pressão inflacionária, mas retomada exige reformas

A queda do dólar foi causada principalmente pelo enfraquecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos. Especialstas avaliam, porém, que somente medidas estruturantes aprovadas no Congresso poderão implicar uma recuperação econômica consistente

Na quarta-feira (02/06), o dólar obteve o menor patamar desde dezembro de 2020, fechando a R$ 5,0839, um recuo de 1,22%. Ontem, sexta-feira (04/06), a moeda norte-americana esteve abaixo de R$ 5,06. O responsável por essa variação na moeda norte-americana é o mercado de trabalho nos Estados Unidos, que teve desempenho inferior ao esperado.

“Basicamente, os resultados do mercado de trabalho nos Estados Unidos estão tirando a pressão da moeda norte-americana sobre o real. Aqui no país, o que vem ajudando é o bom resultado do primeiro trimestre da atividade econômica principalmente no que diz respeito ao resultado divulgado recentemente do Produto Interno Bruto”, comenta Simone Pasianotto, economista chefe da Reag Investimentos.

O dólar influencia diretamente os preços dos produtos no Brasil, como o dos combustíveis, que ficaram mais caros nesta semana em alguns estados. Com o recuo da moeda norte-americana em relação ao real, há uma expectativa de impactos sobre a inflação, principalmente no Índice Geral de Preços (IGP), que está diretamente relacionado ao câmbio.

“É necessário que, para esse impacto, a queda do câmbio seja mais persistente, mais estável para que tenha um resultado consistente na inflação. Temos um resultado de curto prazo, porém precisamos ver a questão cambial global, quais serão os próximos passos dela, assim como, o desenrolar da questão do mercado de trabalho nos Estados Unidos”, explica Simone Pasianotto.

A economista chefe do banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, afirma que a queda do dólar pode ajudar o Brasil a se reerguer da crise causada pela pandemia. Mas esse não é o único fator; outros aspectos que devem ser levados em consideração ainda.

“Acredito que a recuperação econômica pós pandemia depende de muitas outras variáveis, além do câmbio. De fato, com o dólar mais baixo, a tendência é que isso seja benéfico para alguns setores, pode se traduzir em menor inflação. Mas dependemos de outros aspectos para sair da crise, como por exemplo, a evolução das reformas. Isso vai ser muito importante para que o Brasil entre em um eixo de um crescimento mais sustentável de longo prazo”, analisa.

*Estagiários sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza