CONJUNTURA

Taxa de investimento em relação ao PIB alcança melhor índice desde 2014

Formação bruta de capital fixo — indicador que mede quanto as empresas estão investindo no aumento da capacidade de produção — sobe 17% no primeiro trimestre e ajuda a impulsionar o crescimento do PIB

O crescimento dos investimentos foi um dos motores do aumento do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre. Segundo o IBGE, a chamada formação bruta de capital fixo avançou 17% em relação ao mesmo período de 2020 — a maior expansão desde o segundo trimestre de 2010 —, e 4,6% na comparação com o último trimestre do ano passado. Com isso, a taxa de investimento em relação ao PIB alcançou 19,4%, melhor índice desde 2014.

O aumento da produção interna de máquinas e equipamentos, os impactos do Repetro (regime aduaneiro especial que permite ao setor de petróleo e gás adquirir bens de capital sem pagar tributos federais) e crescimento no desenvolvimento de softwares foram as principais causas da alta dos investimentos, segundo informou o IBGE.

Na análise de Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, a alta na taxa de investimento mostrou a retomada de diversos setores que vinham apenas desovando estoques. “Esse ajuste foi também incentivado pelo aumento importante da poupança, já que as pessoas reduziram as despesas em consequência da pandemia”, observou. Desse modo, pelos dados do IBGE, a taxa de poupança subiu a 20,6% do PIB no primeiro trimestre, o maior resultado da série histórica iniciada em 2001. No primeiro trimestre do ano passado, essa taxa estava em 13,4%.

No caso dos investimentos, Velho pondera que a taxa é volátil. “A taxa depende, por exemplo, de não haver crise política, não haver crise hídrica que atrapalhe a produção, e do crescimento econômico. Creio que, este ano, deve se manter no patamar de 19,4% ou 19,5%, para chegar a 20% somente em 2022”, explicou.

Consumo do governo
O consumo do governo também teve queda (4,9%) em relação ao primeiro trimestre de 2020 e retração de 0,8%, no confronto com o último trimestre do ano passado. O resultado foi influenciado, de acordo com o IBGE, pelo alto número de aposentadorias no setor público e pela redução do número de concursos para o preenchimento dos cargos que ficam vagos.
Em relação ao primeiro trimestre de 2020, no setor de serviços, a administração pública — defesa, saúde e educação públicas e seguridade social —, foi um dos destaques de queda (4,4%), ressaltou Fábio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

“O governo está sendo obrigado a realocar determinados recursos, devido à transferência de verbas para o combate à pandemia. Mas houve resultados negativos por 10 trimestres consecutivos, desde o primeiro trimestre de 2018. Evidentemente, não podemos atribuir toda responsabilidade à crise sanitária. Foi uma decisão de restrição orçamentária”, avaliou Fábio Bentes.

Saldo recorde na balança comercial

A balança comercial bateu recorde em maio, com superavit de US$ 9,3 bilhões. É o melhor resultado para o mês em toda a série histórica, iniciada em 1989, de acordo com o Ministério da Economia. No mês passado, houve aumento tanto das exportações quanto das importações. Os embarques para fora do país somaram US$ 26,9 bilhões e as importações, US$ 17,7 bilhões. No acumulado do ano, a balança registra superavit de US$ 27,5 bilhões. O valor também não tem precedentes na série e é o melhor da história.