Mais de 500 municípios brasileiros têm apenas uma cooperativa de crédito como instituição financeira. Baseadas na força dos associados, as cooperativas estão suprindo as necessidades da economia e das populações dessas localidades, de acordo com o presidente do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) Planalto Central, Pedro Caldas. O Sicredi é uma das instituições financeiras com maior representatividade no agronegócio e ocupa o segundo lugar na liberação de crédito rural no ciclo de Plano Safra 2019/2020, com mais de R$ 20 bilhões concedidos. Pedro Caldas foi o entrevistado de ontem do CB.Agro, programa feito em parceria pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília.
Qual a importância das cooperativas? O que elas estão fazendo para ajudar a economia do país?
As cooperativas vêm exercendo um papel, que é unir pessoas em busca de melhores soluções. Existe um ditado segundo o qual as cooperativas são filhas da crise e mães da solução. Os números vêm comprovando isso. Ao longo dos últimos anos, a participação na carteira de crédito rural do Brasil aumentou de maneira extremamente expressiva, com taxas muito fortes de crescimento ano após ano.
Quanto as cooperativas representam do sistema financeiro?
De 8% a 10%, dependendo da região e do ramo de atuação. Tem algumas cidades em que a nossa cooperativa, que é uma das 108 do sistema Sicredi, tem 70% dos depósitos.
Quais são as vantagens da cooperativa? Por que vale a pena para um cliente sair de um banco tradicional e ir para uma cooperativa de crédito?
São diversas vantagens. O relacionamento é um dos principais diferenciais. A cooperativa não tem o objetivo de lucro, mas geramos resultados e o cooperado, conforme sua movimentação, tem uma participação no final de cada exercício.
A gente vê os bancos registrando lucros extraordinários. As cooperativas também estão lucrando e isso está revertendo em benefício para seus clientes, que são os associados?
Vou dar um exemplo. A nossa cooperativa atende 18 comunidades e, em 2020, tivemos R$ 28 milhões de resultado. Esse resultado é destinado ao fortalecimento do patrimônio da cooperativa. Pagamos juros sobre o capital social, que, no nosso caso, tem entrada mínima de R$ 20. A gente facilita a entrada e, depois, faz a distribuição proporcional. Sempre devolvemos um resultado bem considerável para as pessoas que confiam seus depósitos à cooperativa. Nosso propósito é construir uma sociedade mais próspera. Dizemos “aqui o seu dinheiro rende melhor”, porque há benefícios também para a comunidade.
Quanto vocês distribuíram em 2020?
Nós tivemos R$ 28 milhões de resultados, pagamos R$ 3 milhões de juros ao capital e ainda tivemos R$ 5 milhões à disposição da assembleia.
Tem cidades a que os bancos não querem ir de jeito nenhum, e as cooperativas estão ocupando esses espaços. Como é esse processo de interiorização das cooperativas e qual o impacto econômico nessas cidades?
No Brasil, mais de 500 municípios têm somente instituição financeira cooperativa instalada. Vou dar um exemplo próximo de nós: Mambaí (GO) é uma cidade turística que não tinha nenhuma instituição financeira; lá o Sicredi virou um pequeno polo para os municípios ao redor.
Para o crédito agrícola, o que está puxando mais, grãos ou pecuária de corte? Ou está dividido em muitas atividades, fruticultura, silvicultura, como é?
Nós temos um vínculo muito forte com todas as atividades. Fomos a entidade que mais recursos de Pronaf liberou durante o ano de 2020. No caso do BNDES, nós somos a entidade com maior número de contratos agro.
O senhor falou que o desembolso inicial por meio de crédito agrícola foi de 7 bilhões, qual a meta para este ano?
A carteira total foi de R$ 30 bilhões. Todo ano a taxa de crescimento é de, no mínimo, 20%.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo