Duas gigantes da tecnologia se reuniram, esta semana para discutir os rumos do uso de bitcoins e a redução do impacto ambiental da mineração da criptomoeda. O empresário Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, afirmou, no início da semana, que se encontrou com o bilionário Elon Musk, CEO da Tesla, e com mineradores de bitcoins da América do Norte para a criação de um conselho com este fim.
Em sua conta no Twitter, Michael confirmou a presença dos mineradores Argo Blockchain, Blockcap, Core Scientific, Galaxy Digital, Hive Blockchain, Hut 8 Mining, Marathon Digital e Riot Blockchain. Todos concordaram em “promover a transparência no uso de energia e acelerar as iniciativas de sustentabilidade em todo o mundo”, disse Saylor na publicação.
Antes disso, Elon Musk havia twittado: “Falei com mineradores de Bitcoin norte-americanos. Eles se comprometeram a publicar o uso renovável atual e planejado e a pedir aos mineiros WW que o fizessem. Potencialmente promissor”. O post fez o preço do bitcoin subir para quase US$ 40 mil durante a tarde de segunda-feira (24/5).
Em fevereiro, a Tesla anunciou a aquisição de US$ 1,5 bilhão de bitcoins, o que fez disparar o preço da criptomoeda. A fabricante de carros elétricos do bilionário Elon Musk também disse aceitar, em março, pagamentos em bitcoins por seus veículos.
Porém, no dia 12 deste mês, a Tesla informou que, por preocupações com impactos ambientais, não aceitaria mais pagamentos em bitcoin até que a mineração migrasse para um sistema mais sustentável, o que parece estar ocorrendo agora com o recente encontro organizado por Michael Saylor. Mas o que é e como funcionam as bitcoins? Confira a seguir:
O que é bitcoin?
A bitcoin é a primeira criptomoeda do mundo, ou seja, a primeira moeda digital. A ideia foi divulgada em outubro de 2008 por um desconhecido, de pseudônimo Satoshi Nakamoto, que publicou um manual de nove páginas explicando sobre o projeto.
O diferencial do sistema é a independência de governos ou de instituições bancárias para a intermediação de transações. Além disso, o caso da valorização da bitcoin é famoso, pois seu valor inicialmente era nulo, aumentou muito e já chegou a alcançar 61 mil dólares, em 13 de março de 2021.
O analista Allan Gallo Antonio, do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, resume a inovação e a tecnologia da bitcoin: “É, na minha opinião, o mais robusto sistema de criptomoedas”. “Mais do que mover o mercado para cima e para baixo com suas declarações, empresários como Michael Saylor e Elon Musk ajudam a aprimorar a tecnologia", completa.
Como funciona o sistema?
O valor da bitcoin varia pela sua oferta e demanda no mercado, como um ativo. As transações são registradas publicamente em um sistema de registros codificados chamado blockchain (cadeia de blocos), espécie de livro-caixa que não revela o nome dos interlocutores e garante mais segurança e privacidade ao processo.
O sistema bitcoin possui regras específicas. O número de bitcoins é limitado a 21 milhões de unidades, que são liberadas por meio de resoluções matemáticas conhecidas como “minerações”. Elas podem ser executadas em cerca de 10 minutos por computadores superpotentes, com alta capacidade de processamento.
A mineração também é necessária para a validação das transações de bitcoins. Por isso, os mineradores donos dos computadores competem para desvendar as operações, pois quem o fizer mais rápido recebe remuneração em frações de bitcoins. Uma unidade de bitcoin pode ser fracionada em até 100 milhões de partes, chamadas de “satoshis”.
Como adquirir bitcoins?
Para conseguir bitcoins de outras formas além da mineração, pode-se comprá-las por exchanges, corretoras de criptoativos que facilitam as trocas com maior segurança; ou diretamente de vendedores, no sistema “peer to peer” ou “par-a-par”, também disponível em plataformas destinadas à comunicação da compra. Atualmente, adquirir bitcoins pelas exchanges é a forma mais usual e a que dá maior confiança aos usuários.
De acordo com Allan, como é um sistema sem supervisão, são necessários cuidados com o esquema peer-to-peer, sendo preferível optar pelas corretoras. “O usuário deve comprar apenas de exchanges registradas e, assim que tiver as bitcoins, sacá-las da corretora e armazená-las na carteira criptografada de bitcoin pessoal. Para quem busca tentar ganhar dinheiro com bitcoins, é preciso conhecer os riscos das oscilações e entender bem o funcionamento sistema”, alerta o analista.
Benefícios e riscos
O analista explica que as moedas digitais são boas alternativas para o usuário que não quer ficar refém das determinações do governo sobre as moedas nacionais. Como não há banco, você faz a custódia do seu dinheiro e paga menores taxas para realizar transações de forma anônima, com privacidade.
Sobre os riscos, existem movimentos de governos, como o da China, para tentar proibir, regulamentar e tributar o sistema de criptomoedas, ou até criar sistemas digitais para o próprio país. Também há a dependência das oscilações de valores de acordo com o mercado, então a compra e venda de bitcoins deve ser estudada e realizada por plataformas confiáveis.
Allan também dá a sua opinião sobre o futuro da bitcoin e das moedas digitais: “Acredito que a tendência é ser um complemento a curto e médio prazo, cada vez mais conhecido por sua inovação. A tecnologia por trás do sistema de blockchains, por exemplo, é capaz de substituir a função de um cartório”. “Se medidas como a da sustentabilidade comentada pela Tesla forem resolvidas, a criptomoeda vai disparar", observa.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer
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