Ao comemorar os números positivos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a afirmar que o governo está preparando para lançar "muito brevemente" um programa para a inclusão dos brasileiros mais vulneráveis, voltado para o incentivo à capacitação, que terá como principal alvo os milhões de jovens brasileiros. Contudo, não deu data nem detalhes sobre o investimento previsto na iniciativa, que prevê a criação do Bônus de Inclusão Produtiva (BIP), pago pelo governo, e o de Qualificação (BIQ), custeado pelo empresário.
"Queremos evitar o efeito cicatriz dos jovens que se formam, estão chegando ao mercado de trabalho e não encontram empregos. No BIP, o governo vai pagar R$ 300 de um lado, e as empresas R$ 300, de outro lado, pagando para darem cursos de qualificação. O jovem será treinado para desempenhar o papel que depois será o seu emprego. Algumas empresas importantes, McDonald's, já têm conversado com governo", afirmou o ministro, nesta quarta-feira (26/5), durante a apresentação dos dados do Caged, ao lado do secretário especial de Previdência e Trabalho da pasta, Bruno Bianco. Segundo o ministro, o governo pretende dar um "olhar especial" para os mais vulneráveis que não conseguiram se formalizar, os 38 milhões de invisíveis.
De acordo com o ministro, o governo tem recursos garantidos para financiar o programa por seis meses, após o fim da nova rodada do auxílio emergencial, mas está em negociação para ampliar o prazo para 12 meses. "Temos os recursos para este ano, mas em vez de lançar um contrato de seis, estamos tentando arrumar fontes para 2022, para que o contrato possa ter um ano, pelo menos", afirmou. Ele reforçou que esse estudo criando o BIP e o BIQ faz parte da geração dos programas 2.0 do governo, com "políticas de emprego" para cuidar dos jovens e dos invisíveis.
"Essa nova geração de programas ajudará a empregar também os invisíveis. Não só vamos formalizar o trabalho, como vamos criar uma rampa de ascensão social. O Brasil já atravessou a onda do impacto econômico, agora temos que resistir à covid-19", disse. "Estamos agora lançando um olhar, justamente, para evitar o que no mercado de trabalho, na nova literatura se chama de efeito cicatriz, que são os jovens que estão chegando ao mercado de trabalho sem emprego porque a economia não está se movimentando, ou que não estão conseguindo acesso à educação", destacou.
Os jovens que não estudam e nem trabalham, os "nem-nem", respondem por 25% da população, conforme levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Resiliência
Conforme dados divulgados pela pasta, o mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo 120.935 vagas em abril. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2021, ao saldo do Caged ficou positivo em 957.889 novos postos com carteira assinada foram criados. Durante a abertura da entrevista virtual da pasta sobre os dados do mercado de trabalho, Guedes voltou a destacar a resiliência da economia brasileira na crise e atribuiu esse resultado à "qualidade dos programas desenvolvidos pela equipe econômica".
O ministro voltou a falar que a retomada da economia está sendo "mais rápida", assim como a recuperação do mercado de trabalho, que criou quase pouco mais de 120 mil empregos no mês de maior impacto da segunda onda da covid-19. Ele destacou que, desde julho de 2020, foram criados 2,2 milhão de empregos formais no país. "Se conseguirmos manter o ritmo e criar um milhão de emprego a cada quatro meses, a taxa de desemprego no mercado formal vai rapidamente no próximo ano e meio", afirmou.
"O Brasil está mostrando resiliência, os programas estão funcionando. E, principalmente, a vacinação em massa está entrando e é com isso que estamos contando", disse. Ao citar os programas adotados pelo governo, Guedes disse que o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que permite a redução da jornada ou de salário, " foi excepcional", porque ajudou a preservar mais de 10 milhões vagas no mercado formal.
O empresário que adere ao BEm para ter ajuda do governo para cobrir a remuneração dos funcionários se compromete a manter o trabalhador pelo mesmo período em que utilizar o benefício. Conforme dados da pasta, apenas em abril, 3,1 milhões de empregos foram preservados por conta desse benefício, dos quais 2,9 milhões referentes aos contratos assinados no ano passado.
Bianco também elogiou os dados do Caged, mas não deu detalhes sobre o valor dos recursos previstos para o novo programa. Ele ainda minimizou as críticas de que o governo estaria criando espaço para a contratação de mão de obra barata com o novo programa. "Os jovens precisam de oportunidade e tem que ser barato. O que se busca é criar um degrau para fazer com que ele possa seguir a rampa de ascensão social e chegar a um contrato formal", afirmou.
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