O Banco Central lançou, ontem, as diretrizes para o lançamento, nos próximos anos, de uma moeda digital no país. Em nota, o BC informou que a moeda deve baratear operações de pagamento e ampliar as possibilidades de transações, inclusive no varejo. O BC planeja ouvir sugestões da sociedade nos próximos meses e lançar a nova moeda em dois ou três anos.
A moeda digital será diferente dos criptoativos, como bitcoin, que não são regulados pelo BC. Entre as diretrizes, estão a ênfase na possibilidade de desenvolvimento de modelos inovadores a partir de evoluções tecnológicas, como contratos inteligentes (smart contracts), internet das coisas (IoT) e dinheiro programável; e a capacidade para operações on-line.
Em evento durante a tarde, o presidente do BC, Roberto Campos Neto disse que essas moedas são mais adaptadas aos contratos digitais que ganham força com as plataformas de blockchain. Mas elas terão lastro na moeda real, ao contrário das criptomoedas, que não possuem lastro.
Ele explicou, ainda, que não será possível permitir que todos convertam a totalidade de suas moedas físicas em moeda digital, porque isso imporia um risco ao sistema financeiro. “Ela é uma extensão da moeda física, e pode ser convertida no mesmo valor, mas, se toda a sociedade demandasse trocar toda moeda física pela eletrônica, isso geraria enorme problema para os bancos, que sofreriam com a parte do multiplicador bancário”, explicou.
Campos Neto anunciou, também, que o BC vai ampliar o projeto de criação do open banking para open finance. Isso quer dizer que, além de permitir que os clientes usem os dados bancários para obter melhores serviços, o projeto vai abarcar produtos como seguros, investimentos e câmbio, entre outros. “É um projeto que democratiza bastante a indústria de dados, que é o que tem gerado crescimento na economia”, disse.