O número de brasileiros que têm plano de saúde cresceu nos últimos meses e chegou a 48,1 milhões em abril passado, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). É a maior quantidade em cinco anos. Em relação a março, houve aumento de 0,26%. Antes disso, a maior quantidade de planos ativos foi registrada em junho de 2016, quando o setor de convênios médico-hospitalares tinha 48,26 milhões de beneficiários.
O registro da ANS aponta para uma inversão da tendência verificada nos últimos anos, quando mais de três milhões de pessoas deixaram de contratar planos devido ao alto custo das mensalidades. Em nota, a ANS informou, ainda, que, “considerando-se os tipos de contratação e as faixas etárias de beneficiários, observa-se que a variação se mantém positiva para os beneficiários acima de 59 anos em todos os tipos de contratação no período de um ano”.
“Os dados também mostram que o índice de sinistralidade do primeiro trimestre de 2021 permanece inferior ao observado no mesmo período de 2019, pré-pandemia, e não se observa, até o momento, tendência de alteração no segundo trimestre. A taxa de ocupação de leitos recuou, retornando ao mesmo patamar de antes da pandemia, puxada, principalmente, pela redução na ocupação dos leitos dedicados ao atendimento à covid-19”, explicou a agência.
Segundo a ANS, a procura por exames e terapias eletivas caiu em relação a abril de 2019. Esses indicadores sugerem que não há impacto significativo da pandemia de covid-19 nos custos totais do setor e na utilização assistencial no primeiro trimestre, quando comparados a níveis pré-pandemia.
De acordo com o advogado Marco Aurélio Martins Mota, especialista em contratos de planos de saúde, o aumento dos beneficiários se deu por causa de flexibilizações feitas pelas operadoras nos planos de saúde, que reduziram o valor das mensalidades.
“Os planos mais antigos contemplam cobertura integral, acomodação em quarto individual, hospitais mais robustos e outras vantagens. Essas características implicam uma mensalidade mais alta. Diante da crise, a renda diminuiu e aumentou o número de pessoas que passaram a não ter um plano de saúde”, disse.
“Para viabilizar a contratação, as operadoras criaram produtos com menos benefícios, incluindo coparticipação no pagamento dos tratamentos, acomodação em enfermaria e outras limitações, o que pode ter influenciado no aumento do número de beneficiários.”
Já para o advogado Rodrigo Araújo, o aumento se deve, principalmente, à pandemia e pelo receio dos beneficiários com relação a internações por causa da covid-19.
“A maioria das pessoas procura contratar os serviços de um plano de saúde nesse momento de pandemia justamente para não dependerem apenas dos serviços do Sistema Único de Saúde, que em maior parte do tempo se viu muito próximo do esgotamento dos seus recursos, não só para pacientes de covid como também para outros tipos de patologias”, afirmou.
*Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo