O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou ontem que prepara um plano para realizar, em 2022, o Censo Demográfico, em atendimento à decisão do Supremo Tribunal Federal. A pesquisa deveria ter sido realizada em 2020, mas foi adiada em razão da pandemia. O plano do Censo Demográfico incluirá a necessidade de recursos orçamentários a serem repassados ainda este ano. Segundo o órgão, é urgente a recomposição do orçamento de 2021 para dar conta das etapas preparatórias do Censo 2022.
“A Direção do IBGE prepara um plano para cumprimento da decisão judicial que estabeleceu a realização do Censo Demográfico em 2022. O projeto descreverá as demandas de recursos a serem repassados ao Instituto ainda este ano, para que o Censo ocorra no ano que vem — por enquanto, sem data definida. A prioridade, agora, é fechar a proposta, já que há necessidade urgente de recomposição do orçamento para conclusão de etapas preparatórias essenciais ao longo de 2021”, informa um comunicado divulgado pelo IBGE.
A nota não define um prazo exato para a conclusão do plano. “Após a elaboração do plano de trabalho, serão retomadas reuniões com as áreas técnica, consultiva e operacional, que vão definir as melhores condições e o período adequado para realização do Censo em 2022”, continua o texto.
Na sexta-feira passada, quando o plenário do STF tomou a decisão, o IBGE já havia informado que preparava um plano para levar o Censo Demográfico a campo em 2022. Mas o instituto não ressaltou a necessidade de recomposição orçamentária em 2021, a fim de cumprir as etapas preparatórias.
Realizado a cada dez anos, o Censo Demográfico visita todos os cerca de 71 milhões de lares brasileiros. O levantamento foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em cerca de R$ 3 bilhões, para ir a campo em 2020, como previsto. Em meio a pressões do governo pela redução no orçamento, a verba encolheu para R$ 2,3 bilhões, ainda em 2019.
Em 2020, com a pandemia, o IBGE suspendeu todas as entrevistas presenciais. O Censo foi adiado para 2021. O governo reduziu ainda mais o montante previsto no projeto de lei orçamentária de 2021 para o Censo, para R$ 2 bilhões. Nas discussões no Congresso, o valor foi cortado para R$ 71 milhões. Ao sancionar o Orçamento, o presidente Jair Bolsonaro diminuiu a verba para R$ 53 milhões. Após os sucessivos cortes orçamentários, a então presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, pediu demissão.
No fim de abril, antes da decisão do STF, o novo presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, afirmou que o órgão estava preparado tecnicamente para realizar o Censo Demográfico em 2021, “a depender das condições sanitárias” e da recomposição integral do orçamento de R$ 2 bilhões. Mesmo assim, os recursos precisariam chegar a tempo de os preparativos serem retomados de forma a levar a campo a coleta ainda este ano. O plano de iniciar a coleta em agosto já não seria cumprido.