Duas inovações foram colocadas nesta segunda-feira (10/5) em consulta pública pelo Banco Central (BC). Com o Pix Saque, o cliente poderá retirar dinheiro em espécie em qualquer caixa de lojas, supermercados ou outro estabelecimento comercial. E com o Pix Troco, o cidadão poderá pagar um valor superior ao das suas compras e ter o retorno da diferença em moeda. Por enquanto, de acordo com a autoridade monetária, as transações estão limitadas a R$ 500 diários. A intenção é de que não haja cobrança de tarifa para os clientes se forem feitas até quatro transações por mês. A consulta pública termina em 7 de junho e, dependendo do resultado, algumas regras e procedimentos ainda podem mudar.
O objetivo das duas modalidades, de acordo com o BC, é levar mais conveniência ao consumidor, ampliar a capilaridade do serviço em todo o país e aumentar a competição nas transações eletrônicas com o Pix, já que algumas instituições financeiras de pequeno porte não têm rede própria ou ATMs (caixas eletrônicos 24 horas).
Segundo Ângelo Duarte, chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC o Pix já pegou no Brasil e faz parte do menu de empresas e pessoas físicas. Em abril, mais de 478 milhões fizeram essas transações.
Mas, no país, afirmou Duarte, 50% das pessoas ainda não fazem PIX e mais de 70% daquelas que fazem, preferem transações em dinheiro. Hoje, 77% dos pagamentos são em espécies, 12% no cartão de débito, 7% no cartão de crédito, 1% no cartão pré-pago e 3% em outras modalidades, como vale alimentação, cheque, boleto, débito automático ou transferências. Tanto o Pix Saque quanto o Pix Troco estão disponíveis para qualquer participante do Pix.
Contradição
A intenção do BC é continuar incentivando as negociações eletrônicas. “Não há contradição. O objetivo continua sendo tirar o dinheiro de circulação. Mas quando se está nesse processo de eletronização, é preciso dar para a população o sentimento de que a qualquer momento ela vai poder sacar os seus recursos e utilizar o papel moeda. Se não tiver isso, ela vai resistir ao processo eletrônico”, explica o chefe adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro, Carlos Eduardo Brandt. Para quem já tem Pix, os procedimentos são semelhantes. Não é necessário uma outra forma de usar o instrumento, alerta ele.
O usuário vai precisar estar com o celular logado em sua conta bancária. A máquina do caixa comerciante vai ler um QR code para que o cliente escolha quanto quer sacar. No Pix Saque, em vez de receber um receber um produto, o cidadão fica com o dinheiro em espécie. No Pix Troco, é preciso fazer uma compra no mercado. Na hora de pagar, ele coloca um valor maior e recebe a diferença de volta. Mas embora o lojista tenha a possibilidade da transação, ele não é obrigado a ter dinheiro em caixa e não terá punição alguma em caso de não ter os recursos. Ele pode, ainda, definir dias e horários em que o saque ou o troca serão feitos de acordo com a sua conveniência.