O presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, no primeiro encontro on-line com agentes do mercado em sua gestão, na manhã de ontem, ressaltou o lucro líquido de R$ 4,9 bilhões obtido pela instituição no primeiro trimestre (44,7% acima do obtido no mesmo período de 2020) e destacou que quer deixar como legado “uma revolução digital e executar essa estratégia de fato e de forma mais rápida”. Ele lembrou, como já tinha anunciado em carta de apresentação aos funcionários, que a missão que recebeu do Planalto “é liderar o banco com eficiência e prestar atendimento de qualidade à população”.
Qualquer mudança nos rumos estratégicos da instituição, reiterou Ribeiro, tem que passar pelo crivo de conselhos internos. “Mas, neste momento, diante da pandemia, ainda não há programação neste sentido”, afirmou. Outra meta, segundo o presidente do BB, é ampliar a base de clientes e reforçar o protagonismo da instituição em áreas como agronegócio, micro e pequenas empresas e varejo, com pessoas físicas. O executivo citou, ainda, a importância do treinamento e da qualificação da mão de obra e elogiou os funcionários que atuam nas agências.
Ribeiro disse que haverá continuidade na política de desinvestimento em ativos não essenciais, que vinha sendo conduzida pelo antecessor, André Brandão. Também foi mencionada, no evento, a nova política de equidade de gênero em cargos de direção. Fausto Ribeiro nomeou a primeira mulher para uma vice-presidência, Ana Paula Teixeira, que assumiu a área de Controles Internos e Gestão de Riscos. Além dela, outras três mulheres assumiram cargos importantes na estrutura do BB: no comando do Conselho de Administração está Iêda Aparecida de Moura Cagni, empossada na última quarta-feira. No mesmo conselho, estão Débora Cristina Fonseca (eleita pelos empregados do BB) e Rachel de Oliveira Maia (indicada pelos acionistas minoritários).
Mudanças
Desde quando assumiu o cargo, no início de abril, Fausto Ribeiro fez mudanças nas diretorias e vice-presidências do BB. Basicamente, retirou a maioria dos auxiliares do antecessor, André Brandão, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Na época, o presidente não gostou dos projetos de Brandão para incrementar planos de demissão voluntária e de fechar agências pouco produtivas, com o objetivo de aumentar a eficiência da instituição. As diretrizes provocaram forte reação de parlamentares aliados de Bolsonaro, que temem perder influência política em unidades do BB ao redor do país.
Questionado insistentemente sobre o assunto, e com o intuito de provar que as alterações na cúpula da instituição não vão interferir na governança do banco, Ribeiro disse que “as mudanças são naturais em um processo de troca de gestão”, e que “o objetivo é buscar profissionais comprometidos e com muita experiência e competência”.
Fausto Ribeiro disse que vai manter o plano de redução de custos anunciado pelo antecessor, que incluem o fechamento de 361 agências, incluindo mais de 200 que já encerraram as atividades. Para este ano, entretanto, afirmou, o banco não tem planos de fechar mais unidades. O novo presidente do BB garantiu que tem autonomia no cargo, e não quis comentar queixas sobre interferência política, manifestadas por ex-executivos do banco público. Ele afirmou que o objetivo é valorizar “a prata da casa”.
“Não há interferência política, o banco só está se aproximando do ministro da Economia”, disse. Em relação a si próprio, mencionou que se sente altamente qualificado. “E os profissionais prata da casa têm as mesmas condições e até mais para fazer uma gestão transformadora. Minha chegada passou pelo Ministério da Economia, pelo presidente da República e por controles internos”, assinalou.
Ribeiro fez sinalizações positivas para o mercado, anunciando uma possível autonomia e mantendo regras técnicas de gestão e governança que, aparentemente, não estão alinhadas com as metas do governo. Mas, ao mesmo tempo, não deixou de mencionar, sempre que havia espaço, de que segue as ordens e vai na direção das expectativas do Palácio do Planalto.
“O mandato que recebi do presidente é relativamente simples. Liderar o banco em busca de eficiência operacional, de rentabilidade compatível, inclusive com os pares, e prestar um atendimento de excelência à população brasileira. Não tem nada diferente. Obviamente que a gente vai dar um toque pessoal”, afirmou.
Mudança no BC
O governo federal exonerou Fernanda Feitosa Nechio do cargo de diretora do Banco Central do Brasil. O decreto presidencial com a exoneração “a pedido” de Fernanda Nechio foi publicado ontem no Diário Oficial da União. Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Senado, para apreciação, a indicação da economista Fernanda Magalhães Rumenos Guardado para substituir Fernanda Nechio, que estava à frente da Diretoria de Assuntos Internacionais e Riscos Corporativos do BC e, segundo o órgão, deixa a instituição por razões pessoais.