O governo prevê arrecadar pelo menos R$ 100 bilhões com a privatização da Eletrobras. Esse cálculo inclui o recebimento de R$ 25 bilhões com a outorga da estatal, entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões com a parte que a União detém no capital da empresa e o restante, com a venda de ações no mercado secundário, até que toda a participação acionária seja zerada.
Dentro do roteiro traçado pelo governo, a privatização será liquidada até janeiro de 2022, ainda que vários técnicos acreditem que o processo de venda da Eletrobras possa se encerrar antes. “Pode haver uma boa surpresa no meio do caminho, e mais rápido do que muitos pensam”, diz um técnico.
A perspectiva do governo é de que o relatório sobre a venda da Eletrobras, que vem sendo feito pelo deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), possa ser votado dentro de 30 dias, antes, portanto, da caducidade da medida provisória que trata da capitalização da estatal.
No entender do governo, a privatização da Eletrobras dará um novo fôlego ao sistema elétrico brasileiro, pois aumentará a capacidade de investimentos no setor. Técnicos explicam que o fato de o governo manter uma golden share na Eletrobras não será problema para a privatização da estatal, uma vez que o poder dado por esse instrumento será muito limitado.
Correios
A venda dos Correios também está nos planos do governo. Se o cronograma traçado pela equipe econômica for seguido à risca, o edital de privatização deverá ser publicado até novembro deste ano, com a venda da empresa ainda no início de 2022, antes de o processo eleitoral deslanchar.
O governo acredita que, nas mãos do setor privado, os Correios ampliarão a capacidade de investimentos de R$ 300 milhões para R$ 2 bilhões por ano. Técnicos informam que estão dando todos os subsídios ao Legislativo para que a privatização ocorra sem traumas e dentro do cronograma estabelecido, apesar dos movimentos existentes dentro do Congresso para barrar a privatização da empresa.
A venda das principais estatais anda a passos lentos e promessa de arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações, feita no dia da posse pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, está longe de se concretizar. De acordo com o ministério, foram desinvestidos “mais de R$ 200 bilhões desde janeiro de 2019 até abril deste ano”.
Grande parte desse montante é referente à venda de participações da União, incluindo os 10 maiores ativos do BNDESPar, do Banco do Brasil, da CaixaPar e da Petrobras. Eles representaram 74% do total de alienações realizadas até o momento: R$ 151,4 bilhões. A principal venda, entre elas foi da TAG, subsidiária da Petrobras, que arrecadou R$ 33,5 bilhões em junho de 2019.