Não bastasse a sequência de embaraços diplomáticos provocados pelo presidente Jair Bolsonaro com a China, o governo brasileiro enfrenta uma crise com a Arábia Saudita, importante consumidor da carne produzida no Brasil. Segundo nota divulgada pelos ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura, o governo saudita suspendeu, sem fornecer detalhes, a importação de carne de aves produzida por 11 frigoríficos brasileiros.
A reação de Brasília veio por escrito. “O governo brasileiro recebeu com surpresa e consternação a decisão da Arábia Saudita de suspender 11 estabelecimentos exportadores de carne de aves para aquele mercado”, diz o texto conjunto emitido pelas duas pastas nesta quinta-feira.
O comunicado não detalhou o nome dos frigoríficos suspensos para o fornecimento de carnes. Segundo o governo, “não houve contato prévio das autoridades sauditas, tampouco apresentação de motivações ou justificativas que embasem as suspensões”.
Exclusão de lista
De acordo com a nota, a informação consta apenas em uma lista de plantas autorizadas a exportar, divulgada hoje pela Saudi Food and Drug Authority (SFDA) — a agência de vigilância sanitária do país árabe. O documento exclui a participação de 11 frigoríficos antes permitidos a exportar para o mercado saudita. “Até o momento, apenas o Brasil foi objeto de atualização de lista de exportadores de carne de aves”, diz o informe.
Em defesa dos exportadores brasileiros, o Itamaraty ressaltou o “elevado padrão de qualidade e sanidade” na cadeia de produtos animais. “Há confiança de que todos os requisitos sanitários estabelecidos por mercados de destino são integralmente cumpridos”, assegurou o ministério.
Por fim, o comunicado afirma que entrou em contato com as autoridades sauditas, além da representaão diplomática em Brasília, a fim de esclarecer o fato. “Todas as vias bilaterais e multilaterais serão empregadas com vistas à pronta resolução da questão. Caso se comprove a interposição de barreira indevida ao comércio, o Brasil poderá levar o caso à OMC”, finalizou a nota do governo brasileiro.
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza