Retomada

Paulo Guedes parafraseia Dilma durante em audiência pública da Câmara

"Todo dia tem confusão. Mas, não obstante, preferimos o barulho da democracia do que o silêncio das ditaduras", diz ministro da Economia ao comentar sobre a forte valorização do dólar

O ministro da Economia, Paulo Guedes, usou uma frase do discurso de posse da ex-presidente Dilma Rousseff para tentar pacificar os ânimos durante debate virtual com deputados e explicar como os rumores da política e as incertezas sobre o avanço das reformas acabam afetando o câmbio. “Todo dia tem confusão. Mas, não obstante, preferimos o barulho da democracia do que o silêncio das ditaduras", afirmou o ministro, nesta terça-feira (4/5), durante audiência pública conjunta de quatro comissões, da Câmara dos Deputados, ao tentar justificar a forte desvalorização do real frente ao dólar.

Segundo o ministro, o dólar atualmente está mais elevado. Ele lembrou ao conjunto de comissões —  Educação (CE); Finanças e Tributação (CFT); Seguridade Social e Família (CSSF); e Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) — que, no início do governo, o dólar estava desvalorizado, mas reconheceu que, no patamar atual, em torno de R$ 5,40 , “está alto”, apesar de afirmar ser reflexo das incertezas. “E tudo afeta muito o câmbio, como as dúvidas sobre se vamos prosseguir com as reformas, os boatos de que vou deixar o governo. Vivemos uma fase difícil e turbulenta”, afirmou.

De acordo com o ministro, a recente valorização dos preços das commodities e o dólar mais caro contribuíram para a alta do preço do gás de cozinha e da gasolina. Ele ressaltou que o Brasil ficou mais rico com a alta dos preços das commodities, mas que não houve transferência dessa riqueza. Nesse sentido, defendeu a bandeira da “fraternidade”, reforçando a tese de uma pacificação política aos parlamentares da Câmara, coincidentemente, no mesmo momento em que ocorria a primeira audiência pública Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 do Senado Federal, com depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

“Temos que aumentar o equilíbrio com fraternidade e com o coração macio”, defendeu Guedes. Ele reforçou a necessidade da manutenção da responsabilidade fiscal durante as medidas de aumento de gasto público no combate à covid-19. “O Brasil, como sociedade, precisa desse olhar generoso, mas precisa de uma economia funcionando forte até para (o governo) ser generoso”, afirmou.

O ministro citou como exemplo de descuido com a responsabilidade fiscal a Venezuela, e disse que o Chile, onde foi um dos economistas responsáveis por elaborar o plano econômico durante a ditadura do general Augusto Pinochet, "conseguiu fazer a síntese da fraternidade com eficiência” quando era "mais pobre do que Cuba".

Marco regulatório

Em relação às críticas de parlamentares ao aumento do preço do gás de cozinha que consome, quase integralmente, o novo auxílio emergencial, Guedes tentou justificar que o preço continua elevado, mesmo após a aprovação do novo marco regulatório do gás, porque a regra ainda não foi implementada. “O Congresso aprovou o novo marco do gás há duas semanas. Espero que, dentro de um ano e meio, o preço desse gás possa cair 30% a 40%”, afirmou.

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