O ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou irritação com as críticas de frases ditas por ele supostamente "fora de contexto" e de ministros que reclamaram de cortes no Orçamento, principalmente o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Guedes destacou o bloqueio de R$ 200 milhões para a fabricação de vacinas contra a covid-19 e mandou o ministro astronauta parar de lançar foguetes.
Segundo o chefe da equipe econômica, Pontes teve aumento de R$ 5 bilhões nos recursos deste ano, mas reclamou do corte para a vacina. Ele tem que escolher onde fazer os cortes, pontuou o ministro da Economia, e evitar lançar satélites para focar no que é mais importante no momento atual. “Se tem prioridade, para de soltar foguete e prioriza a vacina”, alfinetou Guedes, nesta terça-feira (4/5), durante audiência pública na Câmara dos Deputados realizada em conjunto por quatro comissões: Educação (CE); Finanças e Tributação (CFT); Seguridade Social e Família (CSSF); e Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP).
“Críticas fora de contexto”
Ao comentar as críticas sobre as frases e promessas ditas por ele, como a de que com R$ 5 bilhões aniquilaria o vírus da covid-19 e o comentário sobre o Fies, programa de financiamento estudantil, e o filho do porteiro. O ministro reclamou que as frases dele são retiradas fora de contexto e acabou pedindo desculpas se foi mal interpretado. Ele ainda reclamou que vem sendo “desrespeitado nas redes sociais”.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) rebateu as declarações de Guedes e ainda disse que “o ministro não teve coragem de taxar grandes fortunas e resolveu taxar as editoras de livros”. “O senhor pode falar que as frases foram retiradas do contexto, mas o senhor pode estar fora do contexto. Não pode reproduzir informações falsas, como a do Fies, que não financia alunos que zeram as provas. Não é uma questão de contexto, mas de cuidado com o trabalhador diante de algumas frases desastrosas", afirmou.
"Expressão infeliz"
Em resposta a Freixo, Guedes disse que tentou usar exemplos para “demonstrar disfuncionalidades de uma sociedade desigual”. “Me limito a deixar claro o seguinte: se em algum exemplo, inadvertidamente, ofendi alguém, eu peço desculpas porque não tive a intenção”, disse. “Volta e meia eu solto uma expressão infeliz”, acrescentou.
O ministro negou que ele tenha defendido a taxação de livros. “Eu nunca usei essa expressão”, garantiu. Ele citou que a confusão pode ter ocorrido durante debates sobre o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) com técnicos da equipe econômica que deverá ser aplicado para vários setores. “São aquelas coisas em que inventam uma mentira até ela funcionar”, lamentou.
Guedes ainda rebateu críticas à privatização dos Correios, lembrando que, na estatal, foi onde surgiu o Mensalão e houve problemas de corrupção no fundo de pensão dos funcionários, o Postalis. “Teve um problema sério nos Correios. Tem vantagem e desvantagem em tudo. Às vezes, um governo gosta de estado. Outros, não. E eles oscilam. é natural para o equilíbrio da democracia. E ninguém tem a verdade absoluta”, resumiu.
O chefe da equipe econômica destacou ainda que a economia está se recuperando e isso vem sendo confirmado no aumento da receita com tributos neste início do ano. Ele ainda reclamou das críticas de que o governo não está fazendo nada e citou medidas aprovadas desde 2019, como a reforma da Previdência, a autonomia do Banco Central e os marcos regulatórios do saneamento e do gás. “Estamos ao máximo tentando fazer nosso trabalho. Estamos errando, mas estamos tentando”, afirmou.