A segunda onda da pandemia não interferiu nos lucros do setor financeiro, que explodiram no primeiro trimestre e vieram acima das expectativas do mercado. Estudo da Consultoria Economatica aponta que o lucro consolidado dos quatro maiores bancos do país (Bradesco, Itaú-Unibanco, Santander e Banco do Brasil) ficou em R$ 18,6 bilhões, 35,2 % acima ao do mesmo período de 2020, o segundo maior da série histórica (iniciada em 2009) e inferior apenas ao do primeiro trimestre de 2019, de R$ 19,9 bilhões. O Bradesco teve o maior lucro, seguido por Itaú-Unibanco, Banco do Brasil e Santander, destaca a Economatica.
O contraste, quando se compara o desempenho do setor com a situação econômica global, teve avaliações contraditórias entre os analistas. Para Alex Agostini, economista-chefe da Agência Austin Rating, o vigor do setor financeiro é saudável para a sustentabilidade do crescimento do país. “Uma economia com um setor financeiro frágil, quebra. Na crise, os bancos concederam crédito, apesar do aumento das provisões para devedores duvidosos. É o que as empresas e as famílias precisam, mesmo diante da desconfiança sobre o ambiente fiscal”, afirma Agostini.
José Roberto Savoia, professor da Saint Paul Escola de Negócios, destaca que não é um dado para se comemorar. O que chama a atenção, primeiro, é que o spread (diferença entre os juros que os bancos cobram e os que pagam na captação) continua alto. “É preciso muito cuidado. As empresas e as famílias se endividaram porque necessitam honrar seus compromissos, que muitas vezes estão atrelados ao combate à covid-19”. E se não houver uma política pública nacional para resolver as questões internas de crescimento desigual, “muitas empresas vão continuar fora do ponto de equilíbrio”, alerta Savoia.
Jason Vieira, economista chefe da Infinity Asset, assinala que os bancos, assim como outros setores da economia que não foram afetados pelo distanciamento social, se beneficiaram. “Os investidores ainda aguardam o desenrolar dos fatos políticos para suas decisões de investimentos. No segundo semestre, se houver avanço da vacinação e controle efetivo da pandemia, é possível que se presencie uma situação mais equilibrada”, afirma Vieira.
O Banco do Brasil foi um dos últimos a apresentar o balanço. No primeiro trimestre de 2021, o lucro líquido ajustado, excluídas receitas e gastos extraordinários, totalizou R$ 4,913 bilhões, ou 44,7% maior que o do trimestre de 2020 e 20% acima do esperado pelo consenso de mercado. O Itaú-Unibanco, maior banco privado do país, também superou as estimativas (de R$ 5,7 bilhões) ao registrar um lucro líquido de R$ 6,398 bilhões no primeiro trimestre, alta de 18,7% ante o quarto trimestre de 2020 e avanço de 63,5% sobre os R$ 3,912 bilhões de um ano antes.
O Bradesco teve lucro recorrente de R$ 6,515 bilhões no primeiro trimestre de 2021, avanço de 73,6% em relação ao mesmo período de 2020, e superou o do Itaú-Unibanco pelo segundo trimestre consecutivo. O resultado também ficou acima das projeções dos analistas, que apontavam para um lucro de R$ 6,318 bilhões. Já o Santander, após um 2020 desafiador, também teve números bem acima dos esperados. O lucro líquido totalizou R$ 4,012 bilhões, alta de 4,1% em relação ao mesmo período do ano passado e avanço de 1,4% ante o quarto trimestre de 2020.
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