“A indústria química brasileira é competitiva do portão para dentro”, afirmou o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marino, nesta quinta-feira (6/5). Para ele, a equipe econômica tem “um diagnóstico errado” da realidade da indústria brasileira e da baixa competitividade do país em relação a outras economias.
Marino participou do seminário virtual Correio Talks sobre a importância do setor químico para o país, organizado pelo Correio Braziliense em parceria com a Abiquim. De acordo com ele, apesar da carga tributária pesada e do custo elevado das matérias-primas no país, principalmente, da energia elétrica e do gás natural, que tornam "gigantesca a assimetria" com os fabricantes internacionais, a indústria química brasileira ainda consegue ser a 6ª maior do mundo.
O presidente da Abiquim explicou que o diagnóstico dos integrantes do governo é que eles acham que a indústria brasileira não é competitiva o suficiente porque não tem não tem sido exposta à concorrência internacional. Segundo ele, as autoridades esquecem de levar em conta as dificuldades que os empresários enfrentam para investir no país e de todas as mazelas da má infraestrutura e do peso da carga tributária. “Há um ano e meio temos conversado com o governo que não tem conseguido encontrar um argumento de convencimento e a importância de todas as cadeias. Quando explicamos para o Legislativo, temos mais recepção para debater sobre esse tema”, comparou.
Na avaliação de Marino, o país precisa de uma estratégia voltada para o desenvolvimento do país e isso passa pela indústria química, que tem destaque nos países ricos, e, no Brasil, a competição acaba sendo desleal. “A indústria química é fundamental. Estamos em uma posição infinitamente melhor do que a da Índia e, se conseguíssemos avançar, eliminando as travas, certamente estaríamos em uma posição melhor”, afirmou Marino. Ele lembrou que a indústria química da China, a maior do mundo, fatura US$ 1,3 trilhão por ano e que, enquanto isso, a do Brasil, lucra entre US$ 100 bilhões e US$ 110 bilhões.
Ao reforçar a importância do setor e criticar o fim do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), Marino afirmou que os incentivos concedidos pelos Estados Unidos ao setor são 15 vezes maiores do que os do governo brasileiro. “Todos os países grandes têm incentivo à indústria química, porque ela é estratégica e é a base das demais cadeias”, frisou.