Em uma mudança de discurso mais pacífico para os parlamentares, o ministro da Economia, Paulo Guedes, levantou a bandeira branca e afirmou que “não pretende subir em cadáveres para fazer política”. Logo que assumiu o cargo, chamou os integrantes do Congresso de “criaturas do pântano político” e, agora, enquanto o Senado Federal realizava a primeira audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, o chefe da equipe econômica tentava convencer os integrantes de quatro comissões da Câmara dos Deputados de que a economia está se recuperando de maneira forte após registrar uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) menor do que a maioria dos países desenvolvidos.
Segundo o ministro, as prioridades deste ano serão: saúde, emprego e renda, reduzindo a lista de 35 prioridades que o presidente Jair Bolsonaro tinha apresentado no início do ano. “Não vamos subir em cadáveres para fazer política”, disse Guedes, nesta terça-feira (4/5) aos deputados da audiência conjunta, onde criticou a polarização.“Precisamos de mais respeito e de mais tolerância. Temos que escapar da espiral de ódio, porque é um descredenciamento da nossa democracia”, afirmou ele, defendendo a "capacidade de compreender o outro lado acima de tudo”. "Quem estiver explorando cadáver para fazer política, não vai dar certo. Eu acredito justamente que temos que conviver construindo um Brasil melhor, sempre pensando que o Brasil está acima de tudo. É o nosso país”, frisou.
Ao destrinchar as prioridades, a vacinação em massa é o grande desafio na área da Saúde, que será prioritária. Ainda segundo o ministro, “não vai faltar dinheiro” para a pasta. No caso do emprego e da renda, ele não deu muitos detalhes de que medidas e programas sociais o governo pretende desenvolver, e voltou a citar os 38 milhões de “invisíveis” que foram descobertos por ele durante a pandemia no ano passado com o auxílio emergencial. “Descobrimos que havia 38 milhões de brasileiros subempregados, os invisíveis, que, do dia para a noite, ficaram sem renda, porque trabalhavam informalmente, sem contribuir para a Previdência”, disse.
Confusão de comissões
O ministro participa de uma audiência pública conjunta de quatro comissões: Educação (CE); Finanças e Tributação (CFT); Seguridade Social e Família (CSSF); e Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados. Parlamentares demonstraram surpresa pela realização de uma audiência conjunta com o ministro nesta terça-feira, às 10h, e isso gerou uma confusão que atrasou o início dos trabalhos dos parlamentares e da fala do ministro, que começou quase uma hora após o início da sessão.
Logo no início da audiência, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a imposição de uma audiência conjunta de oito comissões que acabou ficando em quatro, refletindo “uma arrogância do governo, que não quer debater com ninguém”. “Isso vai impedir que os parlamentares possam aprofundar os temas. Não temos o dia inteiro para um único ministro para desenvolver com quatro comissões debate de um Orçamento desse porte”, afirmou. "Essa audiência conjunta é antirregimental. Deveria ser cancelada, e os requerimentos estão vigindo”, acrescentou.
O autor do requerimento para a audiência com o ministro Paulo Guedes comparecesse à CSSF, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), disse que não foi comunicado de que a sessão seria conjunta e defendeu que a convocação foi transformada em convite, em um movimento de abertura de diálogo, e que esse convite não está sendo respeitado. “Todos os ministros convidados compareceram à CSSF. Mais uma vez, de forma desrespeitosa, está se tentando blindar o ministro em uma reunião conjunta”, disse. Segundo ele, o colegiado vai definir uma nova data para a participação do ministro na comissão.
A presidente da Comissão de Educação, a deputada professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), disse que a comissão não aprovou o requerimento apresentado pelos deputados da comissão e que participaria da audiência pública conjunta com o ministro Paulo Guedes como ouvinte, assim como os demais parlamentares da CE.
Mais cedo, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) afirmou que não votou uma convocação para o ministro participar de uma audiência pública em 9 de junho, presencialmente.
Após as falas dos parlamentares, o ministro Paulo Guedes iniciou a fala dizendo que também foi surpreendido de véspera sobre a audiência conjunta e que falaram para ele falar sobre economia. Ele jogou a responsabilidade dessa aglomeração de pautas nas costas do líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR). “Eu não sabia se era uma comissão só ou conjunta”, disse. “Às vezes, os arranjos políticos são feitos e creio que o deputado Ricardo Barros, realmente, (achou que seria melhor). Mas acho que tem que ser do jeito que os senhores acham melhor para o esclarecimento das questões”, afirmou. Ele garantiu que estará disponível para novos convites das comissões setoriais.
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