Agência Estado
postado em 04/05/2021 11:50
O noticiário corporativo no Brasil com resultados fortes no primeiro trimestre é insuficiente para impedir o impacto negativo das bolsas de Nova York na B3 nesta terça-feira. Embora balanços informados nesta terça nos Estados Unidos (Pfizer e ConocoPhillips) tenham agradado aos investidores, reforçando a aceleração da retomada assim como a valorização do petróleo, o clima nos mercados acionários norte-americanos e europeus é de cautela.
A queda foi mantida após a divulgação do déficit comercial americano, de US$ 74,4 bilhões em março, ante previsão -US$ 74,8 bilhões. Já as encomendas à indústria de março subiram 1,1%, menos do que a previsão de 1,3%. Ainda ficam no radar falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) nesta terça. A liquidez, mais uma vez, pode ser menor por causa dos feriados no Japão e na China.
Nos EUA, destaca em nota o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, preocupações com a inflação seguem no radar, renovadas pela alta de ontem do índice de preços pagos do ISM da indústria nos EUA, que atingiu o maior patamar desde meados de 2008.
Além do desempenho ligeiramente negativo visto no exterior, a agenda interna está repleta principalmente de eventos capazes de mexer com os negócios, a começar pela CPI da Covid, que ouve hoje os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Esperado para amanhã, Eduardo Pazuello, que também fez parte da Pasta, o general não deve participar presencialmente da Comissão.
Além disso, fala-se na possibilidade de a CPI ouvir em algum momento o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participa hoje da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
De todo modo, trata-se de um assunto que pode incomodar o investidor, à medida que tende a gerar desgaste do governo, de forma a atrapalhar a pauta da agenda reformista. Aliás, a apresentação do texto da reforma tributária também é outro fator que traz certa parcimônia, já que existe a proposta de fatiamento pela equipe econômica e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), enquanto lideranças do Congresso são contrárias.
"Pode gerar desgaste, fazendo com que o governo tenha de gastar político para se proteger em vez de usar essa ferramenta em benefício das reformas", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Lattus.
Após tatear discreta alta, o Ibovespa migrou para o terreno negativo minutos após a abertura, renovando mínimas e voltando a testar os 118 mil pontos, diante da abertura em queda das bolsas em Nova York. O dólar também atingia mínimas em linha com a desaceleração da divisa americana antes algumas emergentes e desenvolvidas. Com isso, a moeda dos EUA distanciou-se do maior valor alcançado até o momento (R$ 5,4839), enquanto as taxas de juros subiam.
O economista-chefe da Frente Corretora de Câmbio, Fabrizio Velloni, ainda acrescenta a cautela pré-Copom. Apesar da expectativa de alta da Selic de 2,75% para 3,75% amanhã, há dúvidas quanto ao tom do comunicado. "A pressão inflacionária no Brasil está voltando, e mesmo que o juro suba ainda deve ficar menos atrativo do que em outros emergentes", cita.
A despeito da alta de 63,6% no lucro liquido do Itaú Unibanco, para R$ 6,4 bilhões no primeiro trimestre, divulgada na segunda-feira, as ações reagiam em queda perto de 3% próximo das 11 horas, depois de saltarem na véspera. "Houve antecipação ao balanço. É um movimento natural", afirma Laatus.
Após o fechamento do mercado, o Bradesco informará seu balanço do primeiro trimestre.
O investidor ainda ficar atento à reunião entre Petrobras e a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace) para discutir um novo indexador para o preço do Gás. Apesar da alta superior a 1% do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobrás cediam entre 0,55% (PN) e 0,70% (ON) às 11h04.
O Ibovespa caía 0,83%, aos 118.225,91 pontos, na mínima. Ontem, o índice Bovespa fechou em alta de 0,27%, aos 119.209,48 pontos.
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