O ministro da Economia, Paulo Guedes, jogou para o colo do Congresso Nacional a responsabilidade dos cortes orçamentários que inviabilizaram a realização do Censo Demográfico em 2021. A declaração ocorreu logo depois de o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandar o governo retomar a realização da pesquisa.
"Não fomos nós que cortamos o Censo. Quando houve Cortes — quem aprovou o Orçamento foi o Congresso — no Congresso, a explicação que nos deram é que, com a pandemia, o isolamento social impediria que as pessoas fossem de casa em casa transmitindo o vírus, porque é físico, os pesquisadores vão de casa em casa fazendo perguntas, sentam, preenchem os resultados. Me pareceu que essa era a explicação", alegou Guedes.
Na tramitação do Orçamento no Congresso Federal, a dotação do Censo foi reduzida de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões. Porém, esse orçamento foi cortado novamente pelo governo federal, que fez uma série de vetos e contingenciamentos para poder encaixar as emendas parlamentares acertadas com o Centrão no Orçamento. Por isso, sobraram apenas R$ 53 milhões para o Censo em 2021. O recurso, segundo especialistas, inviabiliza a realização da pesquisa neste ano e também em 2022, pois não é suficiente para as atividades preparatórias do Censo.
Por conta desse impasse, o governo do Maranhão foi ao STF cobrar a realização do Censo. O estado lembrou que as informações coletadas pela pesquisa norteiam a divisão de recursos entre os estados e municípios brasileiros e a formulação de políticas públicas que são necessárias, sobretudo, neste momento de pandemia. Por isso, nesta quarta-feira, o ministro Marco Aurélio acatou o pedido do Maranhão e determinou que a União garanta a realização do Censo.
Quando falou com a imprensa sobre os cortes do Censo, Guedes disse que não estava sabendo da decisão de Marco Aurélio. "Eu vou me informar a respeito", limitou-se a dizer.