A prévia da inflação oficial brasileira desacelerou para 0,60% no mês de abril, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, no entanto, foi puxado pelos preços dos combustíveis novamente e levou a inflação acumulada em 12 meses para 6,17%.
A alta de 0,60% do IPCA-15 foi registrada depois de o índice acelerar 0,93% em março e, segundo o IBGE, é reflexo de uma "alta menos intensa dos combustíveis". "Após uma sequência de reajustes nas refinarias em fevereiro e março, houve duas reduções o preço da gasolina no final do mês passado, e o IPCA-15 mostrou uma desaceleração nos combustíveis", explicou o IBGE.
De acordo com o IPCA-15, os combustíveis haviam disparado 11,63% em março, por conta da alta de 11,18% da gasolina. Neste mês de abril, por sua vez, subiram 4,87%. A alta é fruto do reajuste de 5,49% da gasolina, mas também dos preços do etanol (1,46%) e do óleo diesel (2,54%). Com isso, a inflação do grupo dos transportes passou de 3,79% em março para 1,76% em abril.
Apesar da desaceleração, a gasolina continua sendo o principal fator da inflação. Segundo o IBGE, o item contribuiu com metade dos 0,60% do IPCA-15 de abril. Outro impacto significativo veio do gás de cozinha, que também é reajustado pela Petrobras de acordo com as variações dos preços internacionais de petróleo e já subiu 20,22% nos últimos 12 meses. Só neste mês, o gás de cozinha subiu 2,49%, puxando a inflação do grupo de habitação (0,45%).
Também contribuiu com a prévia da inflação os preços dos alimentos para consumo no domicílio. Depois de cair 0,03% em março, o grupo subiu 0,19% no IPCA-15 de abril, puxado pelos preços do pão francês (1,73%), do leite longa vida (1,75%) e das carnes (0,61%). A alimentação fora do domicílio também subiu, 0,79%. Ainda assim, o IPCA-15 mostrou queda nos preços da cenoura (-13,58%), da batata-inglesa (-5,03%), das frutas (-2,91%) e do arroz (-1,44%).
Brasília
O resultado de 0,60% do IPCA-15 ficou um pouco abaixo da mediana do mercado, que projetava uma prévia da inflação de 0,67%. Porém, foi sentida de forma mais pesada pelos consumidores de Brasília. É que a prévia da inflação da capital federal subiu 0,98% em abril, por conta de uma alta mais intensa da gasolina (8,37%). Foi o maior resultado do país, segundo o IBGE.
Além disso, o resultado do IPCA-15 levou a prévia da inflação brasileira para muito acima da meta de inflação deste ano, que é de 3,75%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. É que o acumulado em 12 meses da inflação saltou de 5,52% para em março para 6,17% em abril.
A alta da inflação acumulada em 12 meses vem à tona a apenas uma semana da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 4 e 5 de maio. Em março, o Copom elevou a taxa básica de juros (Selic) de 2% para 2,75% ao ano e prometeu um novo ajuste de 0,75 ponto percentual nos juros na próxima reunião.
Alguns analistas calculam, no entanto, que a Selic pode subir ainda mais, chegando a 3,75% na próxima semana, por conta do avanço da inflação. Nesta semana, o mercado financeiro elevou novamente a projeção para a Selic em 2021, de 4,92% para 5,01%, no Boletim Focus.