Nesta sexta-feira (23/04), o CB-Agro debateu a importância das ações sustentáveis na agricultura. Médico veterinário e coordenador de operações da Emater-DF, Pedro Ivo Braga explicou algumas modalidades desta prática.
“Você não precisa ser orgânico ou agroecológico para ter uma agricultura sustentável. É possível desenvolver práticas sustentáveis dentro de sua propriedade, como manejo de solo, conservação da água. O produtor pode, ainda, fazer uma análise de solo e identificar as quantidades corretas de insumos que vai usar, para não sobrecarregar a terra. Tudo isso são práticas agrícolas sustentáveis, que permitem, inclusive, a conservação áreas ambientais da propriedade como, por exemplo, as nascentes”, explica.
Pedro Braga destaca uma atividade específica desenvolvida em favor da sustentabilidade agrícola, com auxílio da Emater-DF. Trata-se do uso de podas trituradas de árvores, retiradas das cidades, na cobertura de áreas para o plantio. Segundo o especialista, a técnica impede o surgimento de ervas daninhas e fertiliza o solo, além de reaproveitar matéria orgânica recolhida da área urbana.
“Nós temos uma parceria da Emater com a Novacap, a Secretaria de Agricultura, porque observamos Brasília como uma cidade parque, uma cidade arborizada. O custo e a quantidade de podas em Brasília são muito grandes. Essas podas, uma vez trituradas, podem ser utilizadas como matéria orgânica na produção agrícola, além de oferecer a cobertura e proteção de solos. Podem, ainda, servir como insumo para compostagem e para fazer compostos orgânicos”, detalha.
Para ter acesso à poda, distribuída durante todo o ano aos produtores rurais da capital, o interessado deve procurar o escritório local da Emater mais próximo da sua propriedade rural. Há 15 unidades distribuídas no Distrito Federal, segundo o site da Emater-DF. “Procurando o escritório, nós iremos procurar viabilizar essa interlocução com a Novacap para que o produtor tenha acesso a essas podas”, cita Braga.
Pedro Braga recomenda o reaproveitamento de podas na época da seca. “O ideal é realizar o procedimento no período de seca, para que a umidade não ajude a proliferar doenças nessas arvores. Quem tem sua planta em casa sempre deve fazer o manejo no período da seca”, aconselha.
Crise hídrica no DF
Pedro Braga também comentou a realidade hídrica do Distrito Federal. Em 2016 e 2017, o DF enfrentou grave escassez de água, o que obrigou a Emater a auxiliar produtores no manejo das irrigações. A partir daquela experiência, buscou-se optar pela impermeabilização dos canais de irrigação.
“Esses canais existiam em um chão batido. Havia uma vala por onde corria a água. A estimativa de perda na época dos canais de irrigação era de 50%. Com o novo revestimento que fizemos dos novos canais de irrigação, conseguimos economizar 50% da água sai dos leitos. Com esse trabalho, a gente economiza uma quantidade de água que poderia suprir uma cidade como São Sebastião ou Águas Claras, com uma população de 100 a 150 mil habitantes, somente com o revestimento desses canais”, explica o especialista.
A Emater-DF prevê que até o final deste ano, 2021, o revestimento desses canais deve chegar a quase 50 km em extensão com novas irrigações. Até o momento são 35 km já construídos. Entre as principais obras, destacam-se os canais do Rodeador, localizado em Brazlândia, e o canal do Santos Dumont, em Planaltina.
Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza