Em três meses, a vacinação no Brasil contra a covid-19 cobriu aproximadamente 12% da população, o equivalente a 26 milhões de pessoas. Com o ritmo lento de imunização e a escassez de vacinas, é grande a pressão de categorias de trabalhadores que reivindicam prioridade na fila. Profissionais incluídos na categoria de serviços essenciais, como rodoviários e garis, ameaçam cruzar os braços se não tiveram as reivindicações atendidas.
No último dia 7, motoristas e cobradores de ônibus de Juiz de Fora (MG) paralisaram as atividades. A categoria exigiu lugar na fila de prioridade para receber o imunizante. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano Juiz de Fora (SinttroJF), organizador do protesto, relatou nove mortes de trabalhadores por covid.
“Somos milhares de trabalhadores e trabalhadoras que estamos na linha de frente todos os dias desde o início desta pandemia. Temos contato direto com centenas de pessoas durante o nosso trabalho e infelizmente já perdemos muitos companheiros para a COVID-19 nos últimos tempos”, afirma a nota do SinttroJF.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 123.381 pessoas prioritárias receberam a primeira dose da vacina em Juiz de Fora, município com mais de 500 mil habitantes. “Todos os 853 municípios vão receber vacinas de acordo com a população estimada”, informou a Secretaria de Saúde de MG. A pasta também apontou que a distribuição dos imunizantes ocorre entre as 28 Unidades Regionais de Saúde, sempre acompanhadas de escolta.
Princípios da OMS
O Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde estabelece o setor de transportes na lista de prioridades. Mas, conforme o MS, “a seleção das populações na imunização foi baseada em princípios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e feita em acordo com entidades como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)”.
No Rio de Janeiro e em São Paulo, os governos estaduais afirmaram que nenhuma categoria pretende paralisar os serviços e que seguem o calendário do Programa Nacional de Imunização (PNI). No entanto, representantes dos rodoviários estiveram reunidos durante três horas com representantes do governo de João Doria. Após ouvir a garantia de que seria incluída no calendário de vacinação, a categoria resolveu desmobilizar uma possível greve. Nesta terça-feira (20/4), o governo paulista anunciará que a vacinação dos funcionários do metrô e da CPTM (trens urbanos) começa em 11 de maio.
“Toda estratégia de distribuição das grades e inclusão de novos públicos segue os critérios técnicos definidos pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) e à medida que o Ministério viabiliza novos quantitativos. O Governo de São Paulo, seguindo a missão de salvar vidas, tem priorizado a imunização justamente dos públicos mais vulneráveis: profissionais de saúde, indígenas, quilombolas, idosos e adultos com deficiência residentes em instituições de longa permanência, além de avançar gradativamente na imunização dos idosos em geral — que representam 77% das vítimas fatais da COVID-19”, afirmou o Governo do Estado de São Paulo através da assessoria.
No Distrito Federal, o Sindicato de Limpeza Urbana solicita ao GDF que inclua a categoria como prioridade na vacinação. “Fizemos uma manifestação semana passada e agora aguardamos posicionamento do governo para que nos inclua no programa de vacinação prioritário. Caso não tenhamos retorno vamos, sim, fazer uma paralisação que ainda não tem data prevista”, avisou o sindicato.
* Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza