O governo federal pode fazer novos ajustes no calendário de pagamentos do auxílio emergencial para antecipar os saques em dinheiro do benefício. A possibilidade foi anunciada ontem pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, um dia depois de o governo adiantar os saques da primeira parcela do novo auxílio.
“A partir da avaliação do pagamento deste primeiro ciclo, poderemos também antecipar os pagamentos dos ciclos dois, três e quatro. [...] Vamos avaliar como será este fluxo de pagamento e, se for como imaginamos, anteciparemos os outros meses”, afirmou Guimarães, em live realizada para apresentar o novo calendário de saques da primeira parcela do benefício.
O auxílio emergencial começou a ser pago no último dia 6 e será depositado até o próximo dia 29 nas contas sociais digitais da Caixa, que devem ser movimentadas exclusivamente pelo Caixa Tem. Porém, só poderia ser sacado entre 04 de maio e 04 de junho. O governo, no entanto, antecipou os saques para o período entre 30 de abril e 17 de maio depois que o presidente Jair Bolsonaro se queixou desse intervalo e após muitos brasileiros reclamarem de dificuldades no acesso ao Caixa Tem.
“Na possibilidade de saque, houve uma antecipação em todas as datas”, comentou Guimarães. O presidente da Caixa alegou, por sua vez, que a antecipação foi possível porque os pagamentos nas contas sociais digitais do Caixa Tem têm sido eficientes. Ele disse que o aplicativo registrou 1,1 milhão de operações, que movimentaram R$ 153 milhões em pagamentos de boletos e compras em débito, só na quinta-feira, quando o auxílio foi depositado para os brasileiros nascidos em maio. Por isso, acredita que muitas pessoas estão antecipando o uso do auxílio pelo aplicativo e, portanto, não precisarão fazer o saque em espécie do benefício, o que vai reduzir a movimentação e evitar filas nas agências da Caixa e nas casas lotéricas.
“Primeiro publicamos um calendário, vimos como era a dinâmica de pagamento – tanto pela questão de aplicativo quanto pela questão de potenciais filas – percebemos que estávamos muito bem e antecipamos”, comentou Guimarães. Ele ressaltou que outras antecipações do calendário de saques também devem seguir esse critério para serem confirmadas mais à frente. “Outros ciclos poderemos antecipar também, dependendo da dinâmica que tivermos nos pagamentos”, afirmou.
Atualmente, a previsão do governo é depositar a segunda parcela do auxílio emergencial entre 16 de maio e 16 de junho e liberar os saques desse recurso entre 8 de junho e 8 de julho. Já a terceira parcela será paga entre 20 de junho e 21 de julho e deve ter o saque liberado entre 13 de julho e 12 de agosto. A quarta e última parcela do novo auxílio tem os depósitos previstos para ocorrer entre 23 de julho e 22 de agosto, com os saques entre 13 de agosto e 10 de setembro. Caso não haja novas antecipações no calendário, portanto, os saques do auxílio vão se estender por quase seis meses (de abril a setembro), apesar de o benefício ter quatro parcelas.
Esse calendário e a mudança anunciada nesta semana, contudo, valem apenas para os beneficiários que não pertencem ao Bolsa Família, pois os integrantes do programa recebem e podem sacar o auxílio nos mesmos dias de pagamento. Neste mês, por exemplo, os depósitos do Bolsa Família começaram ontem e seguem até 30 de abril.
Caixa Tem
Pedro Guimarães admitiu, no entanto, que muitos brasileiros não estão conseguindo acessar o Caixa Tem e, consequentemente, usar o auxílio. Ele explicou que o acesso foi bloqueado para aquelas pessoas que trocaram de aparelho ou número de celular recentemente, para evitar fraudes no pagamento do auxílio emergencial. Neste caso, pode ser preciso ir a uma agência para desbloquear o aplicativo.
“Se o celular for trocado, mas fica o mesmo número, você pode conseguir fazer o desbloqueio automaticamente pelo aplicativo. Mas, se você trocou o número do celular, por uma questão de evitar fraude, há necessidade de ir à agência. Sabemos que várias pessoas têm o número pré-pago e trocam, mas isso é fundamental para proteger vocês. Quando há alguma desconfiança de fraude, há o bloqueio”, argumentou Guimarães.
Ainda ontem, a Polícia Federal deflagrou duas operações no interior de São Paulo com o intuito de coibir fraudes no auxílio emergencial. Segundo a corporação, organizações criminosas estavam usando programas de computadores para invadir as contas dos beneficiários do programa para desviar os recursos do auxílio emergencial. Em nota, o Ministério da Cidadania informou que contribuiu com a operação e continua atuando em conjunto com a Polícia Federal, a Receita Federal, o Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas da União para evitar fraudes no auxílio.