A carestia está disseminada por todas as faixas de renda, mas não tem afetado ricos e pobres na mesma medida. Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) constatou que, em março, a aceleração da inflação ocorreu com percentuais mais elevados para as classes de renda média e média-alta, de 1,09% e de 1,08%, respectivamente, com relação a fevereiro. Esses percentuais ficaram acima da alta de 0,93% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Contudo, no acumulado em 12 meses até março, as famílias com renda mais baixa foram as que sofreram a maior inflação entre as faixas pesquisadas pelo Ipea. Os dados mostram alta de 7,24% nos gastos de famílias com renda muito baixa e de 6,87% para as famílias de renda baixa. Essas taxas ficaram acima dos 6,1% calculados pelo IPCA no período. Famílias com renda alta e média alta sentiram o menor impacto da inflação nessa base de comparação: 4,67% e 5,09%, respectivamente.
De acordo com a economista Maria Andréia Parente, do Ipea, o ano de 2021 mostra uma mudança no impacto do custo de vida no bolso dos brasileiros do que o apresentado em 2020. “A inflação para os mais pobres no acumulado em 12 meses ainda tem um peso muito forte da alta dos preços dos alimentos no ano passado, mas a tendência, em 2021, é de essa diferença diminuir e as taxas de pobres e ricos se aproximarem”, explicou.
“Neste ano, o que tem pesado mais no custo de vida é a alta dos preços monitorados, como combustíveis. Os mais ricos são osque mais têm carro e, por isso, sentem mais o impacto. Nos próximos meses, ainda teremos aumentos na energia elétrica”, acrescentou Maria Andréia Parente. Segundo ela, ao longo deste ano, a expectativa é de que os preços de alimentos subam menos, o que vai ajudar a reduzir o impacto da inflação para os mais pobres.