Pelo menos um dado parece estar menos nebuloso na nova gestão da Petrobras, assinalou Cesar Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF). “A política de preços dos combustíveis deve mudar para o que era antes de (Roberto) Castello Branco (ex-presidente da estatal). Ou seja, as oscilações não serão sentidas imediatamente. A metodologia de cálculo deverá considerar o médio prazo”, acredita Bergo.
O mercado ficou de olho na reunião do Conselho de Administração da Petrobras, nesta segunda-feira, para aprovar a indicação do nome do general Joaquim Silva e Luna, pelo presidente Jair Bolsonaro, para o comando da estatal. Mas a simples aprovação pouco significa, de acordo com os analistas. O futuro da governança, dentro dos padrões internacionais, é que vai indicar se a empresa estará, de fato, em um porto seguro.
“Toda a tensão com a saída do ex-presidente Roberto Castello Branco já foi precificada. Agora, a posse precisa acontecer e a nova direção assumir o seu papel”, destacou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. A prova de que o investidor não voltou a se estressar com os rumos da pendenga administrativa, reiterou Vieira, é que as ações da petroleira (Petr4) foi uma das mais negociadas na Bolsa de Valores Brasileira (B3) e encerrou o dia com alta de 1,01%, cotada a R$ 23,89.
Montanha russa
Segundo Cesar Bergo, esse preço já é a prova de que a empresa está debilitada. “Tornou-se uma das mais barata do mundo do setor e já perdeu mais de 40% do seu valor em dólar. A montanha russa já passou, todos sobreviveram, embora com perda de patrimônio”, acrescentou Bergo.
Outras grandes empresas, de acordo o presidente do Corecon-DF, passaram por problemas também sérios e se recuperaram. “A Petrobras é uma empresa líder em tecnologia e inovação. Somente a título de comparação, a Vale teve perdas com o acidente em Brumadinho e, no momento, suas ações estão cotadas a R$ 103,40, com alta, ontem, de 0,40%”, lembrou Bergo.