O mercado financeiro piorou as expectativas para os principais indicadores econômicos brasileiros no Boletim Focus desta semana. Os economistas já esperam, por exemplo, a inflação batendo 4,85% e a taxa básica de juros (Selic) subindo a 5,25% até o fim deste ano.
No Boletim Focus desta semana, divulgado nesta segunda-feira (12/4) pelo Banco Central (BC), os economistas do mercado financeiro elevaram de 4,81% para 4,85% a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021. A mediana era de 4,6% há um mês e vem subindo por conta do impacto da alta dos combustíveis, que tem pressionado a inflação oficial brasileira.
Os economistas ainda elevaram a projeção para a taxa de câmbio, de R$ 5,35 para R$ 5,37. Apesar de ter iniciado a semana em leve queda, a moeda é negociada a R$ 5,63 nesta segunda-feira. Afinal, vem sendo pressionada pelas incertezas que rondam o país diante do avanço da pandemia de covid-19 e dos impasses fiscais como o do Orçamento.
Por conta dessa perspectiva de alta da inflação e do dólar, os economistas do mercado financeiro também revisaram para cima a projeção da taxa básica de juros. Agora, a expectativa é de que a Selic chegue a 5,25% e não a 5% até o fim do ano.
Após quase seis anos em queda, a Selic subiu de 2% para 2,75% no mês passado por conta da pressão dos preços. E o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC já indicou que a taxa básica de juros deve sofrer outra alta de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Comitê, em maio.
O Copom espera fazer uma "normalização parcial" da Selic neste ano, já que, apesar de a alta da inflação exigir a subida dos juros, a atividade econômica ainda requer condições estimulativas por conta da crise da covid-19. A diretoria do BC tem lembrado, então, que o cenário pode mudar e que riscos fiscais podem intensificar a alta dos juros.
Diante desse cenário, alguns economistas projetam uma subida mais forte da taxa básica de juros em maio. O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, por exemplo, acredita que a Selic vai ser elevada para 3,75% na próxima reunião do Copom.
"A piora nas expectativas reforça nosso call de alta de 100 pontos base na Selic para a reunião de maio a despeito de sinalizações claras da Autoridade Monetária no sentido de dar uma alta de 75 pontos base. A piora do cenário de inflação e ruídos fiscais dos mais variados irão forçar uma alta mais forte dos juros para fazer o BCB ficar a frente da curva", afirmou Perfeito.
PIB
Ainda no Boletim Focus desta semana, o mercado piorou expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021. A mediana era de 3,41% no início do ano, mas vem sendo reduzida há seis semanas por conta do impacto da segunda onda da pandemia de covid-19 na atividade econômica. E, desta vez, caiu de 3,17% para 3,08%.
Para 2022, por sua vez, o mercado manteve a projeção de crescimento de 2,33% do PIB e a perspectiva de que a Selic vai chegar a 6%. Já a projeção para a inflação do próximo ano, que há um mês estava em 3,50%, subiu de 3,52% para 3,53%.