A Receita Federal recebeu 11,8 milhões de declarações de Imposto de Renda desde 1º de abril, quando teve início o período de entrega do documento. Faltando menos de 20 dias para o fim do prazo, de acordo com dados do Fisco, dois terços dos 32 milhões de contribuintes que precisam informar os rendimentos ainda não repassaram os dados. Deixar para a última hora pode fazer com que o contribuinte esbarre em alguns entraves, perca o prazo ou reduza o valor da restituição, caso não consiga reunir todos os comprovantes de gastos que podem ser ressarcidos.
São obrigados a declarar os brasileiros que receberam a partir de R$ 28.559,70 no ano passado. No entanto neste ano existe uma regra que não havia anteriormente. Quem recebeu auxílio emergencial deve declarar, caso tenha obtido rendimentos iguais ou maiores do que de R$ 22.847,76 em 2020. Esse valor não inclui os recebimentos do próprio auxílio, mas quem superar o valor, não só deve declarar, mas também devolver o que foi recebido.
A medida vale para as parcelas de R$ 600 e R$ 1.200, e não contempla a extensão do benefício, que foi pago em parcelas de R$ 300 até dezembro.
Um projeto de lei aprovado na Câmara estende o prazo da declaração para o fim de maio. No entanto o texto ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro para entrar em vigor. Ou seja, até agora, a data final continua sendo 30 de abril.
Declarar com antecedência, além de fazer com que a restituição caia mais cedo, também permite que eventuais problemas sejam resolvidos. Afrânio Alves, planejador de finanças da Meu Consultor Financeiro, explica que, muitas vezes, o contribuinte precisa solicitar recibos de consultas, cursos que fez, para ter uma restituição maior, mas precisa se organizar para isso. “É necessário solicitar os recibos, como da consulta médica. Se a pessoa não pediu à época da consulta, pode solicitar depois. Mas o estabelecimento precisa de um prazo para emitir uma segunda via. Por isso, a organização é importante. A tarefa é ainda mais complicada para quem tem dependentes”, destaca.
Em anos anteriores, muita gente deixava para fazer a declaração perto do fim do prazo. Assim, caso tivesse direito a restituição, poderia receber as parcelas com um reajuste atrativo, já que os valores da devolução são corrigidos pela taxa básica de juros, a Selic.
Diante da atual taxa de juros, de 2,75% ao ano, no entanto, Alves avalia que não existe grande vantagem financeira em adiar a entrega até o fim do prazo. “Quando a taxa de juros estava maior, valia a pena atrasar a declaração para receber a restituição corrigida. Mas a taxa está muito baixa, então não vale a pena, pois o reajuste é menor. Fora que ainda existe o risco de perder o prazo e levar multa”, explica. De acordo com o calendário estabelecido pela Receita, as restituições serão feitas de maio a setembro.