A Caixa Econômica Federal definiu os preços para a venda de ações para a abertura de capital (IPO na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, que será lançada na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) sob o código CXSE3. Conforme o comunicado do banco enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a faixa de preço estimada para o lançamento da subsidiária de seguros da Caixa na B3 estará situada entre R$ 9,33 e R$ 12,67.
Considerando o valor médio de R$ 11 por ação, o valor estimado para a oferta é de R$ 4,95 bilhões. Logo, a operação será bem menor do que o IPO da BB Seguridade, que movimentou quase R$ 11,47 bilhões, em 2013, e foi um dos maiores da história da Bolsa.
Serão ofertadas, por meio da distribuição secundária, 450 milhões de ações, segundo o documento da Caixa. A oferta inicial será de 15% do capital social. O banco prevê um lote suplementar de até 15% da oferta, ou seja, 67,5 milhões de ações, o que elevaria a venda para 17,25% do capital da companhia, uma vez que o capital social total é de 3 bilhões de ações ordinárias.
O valor informado à CMV do capital social da companhia é de R$ 2,7 bilhões. “Tendo em vista que a oferta será apenas secundária, não haverá alterações na quantidade e valor do capital social da companhia após a conclusão da oferta”, informou o documento.
Valuation
Os valores apresentados estão sendo considerados inferiores ao valuation de aproximadamente R$ 60 bilhões para a venda de 25% da subsidiária previsto anteriormente. Considerando o valor médio atual da oferta, a empresa estaria avaliada em pouco mais da metade: R$ 33 bilhões.
De acordo com especialistas, a precificação do valor de uma ação para lançada no mercado leva em conta uma série de fatores, como o histórico da companhia, as projeções futuras do negócio e o ambiente macroeconômico e de negócios. “O momento atual não é favorável, porque estamos no meio de muitas incertezas e isso influencia no preço para baixo”, alertou uma analista de uma corretora.
Um fator também que está sendo apontado como um dos motivos para que o valor da oferta da Caixa Seguridade tenha reduzido, para que o valor da Caixa ter assinado, no fim do ano passado, um aditivo a um acordo de associação com direito de exclusividade, com a francesa CNP Assurance, no valor de R$ 7 bilhões. "A joint venture de seguros de vida e prestamista e de produtos de previdência complementar terá gestão compartilhada entre a companhia e a CNP de forma a potencializar os pontos fortes de cada acionista, observando as melhores práticas de governança corporativa", informou a Caixa na época.
Procurada, a Caixa não comentou sobre as mudanças nos valores da oferta da subsidiária.
O fim do prazo para a reserva das ações é 26 de abril, com definição do preço final da oferta previsto para o dia seguinte. No dia 28, deve ocorrer o início da oferta. Contudo, essa data já foi adiada várias vezes, porque a Caixa retirou o pedido de análise. A expectativa de analistas é que, neste ano não é indicado para IPOs de companhias públicas, porque, 2022 é um ano eleitoral, quando fica mais difícil fazer qualquer venda de estatal.
Janela de oportunidade
De acordo com dados da Bolsa, existem 43 processos de abertura na fila sob análise. Neste ano, 22 processos foram realizados, sendo 15 IPOs, que arrecadaram R$ 19,2 bilhões. Ao todo, incluindo as ofertas secundárias, o volume negociado foi de R$ 30,7 bilhões. No ano passado, o volume entre os 28 IPOs e 22 ofertas secundárias ficou em R$ 117,7 bilhões, aumento de 35,9% sobre o de 2019.
“Existe uma janela de oportunidade enorme para IPOs neste ano, por conta da liquidez internacional. No ano passado, houve 28 IPOs, e, se somarmos as ofertas secundárias, em plena pandemia, o volume movimentado foi superior a R$ 110 bilhões, o que foi muito bom. Neste ano, é provável que ocorram 50 IPOs até dezembro”, aposta Alexandre Espírito Santo, economista da Órama. Ele evita comentar o caso específico da Caixa.
Para ele, este ano ainda é propício para IPOs porque o mercado está tomador, por conta da liquidez, e a taxa básica de juros (Selic) continua baixa. "Se os juros básicos encerrarem em 6% ou 6,5% no fim do ano, como algumas previsões, vai ficar mais difícil para as empresas estrearem na Bolsa. A hora é agora", alertou.
Lucro de R$ 1,8 bi em 2020
Vale lembrar que, no quarto trimestre de 2020, a Caixa Seguridade contabilizou um faturamento de R$ 12,6 bilhões, registrando alta de 33,2% frente ao mesmo período de 2019, “superando o resultado do terceiro trimestre em mais de R$ 357 milhões e registrando novo recorde”. A companhia fechou o ano passado com um faturamento de R$ 39,1 bilhões de faturamento e 13,5% participação de mercado. O lucro líquido somou R$ 1,8 bilhão, dado 5,2% superior ao contabilizado no ano anterior.
Além da própria Caixa, cinco bancos coordenam a oferta da Caixa Seguridade: Morgan Stanley, Bank of America Merrill Lynch, Credit Suisse Brasil, Itaú BBA e UBS BB.