Mercado Financeiro

FMI vislumbra saída para crise da covid-19 e aumenta previsão do PIB mundial

A instituição projeta crescimento de 6% em 2021 e 4,4% em 2022

A vacinação anticovid e um forte apoio fiscal, especialmente nos Estados Unidos, permitiram melhorar as previsões para a economia mundial após a recessão histórica provocada pela pandemia, mas ainda resta muito por fazer para evitar cicatrizes permanentes, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (6/4).

Em seu relatório semestral "Perspectivas da Economia Mundial" (WEO, em inglês), o FMI revisou e aumentou suas previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Agora a instituição projeita um aumento do PIB mundial de 6% em 2021 (+0,5 ponto na comparação com janeiro) e de 4,4% em 2022 (+0,2 ponto).

Além disso, para mostrar a recuperação aguardada, o FMI prevê que o volume de comércio de bens e serviços no mundo vai crescer 8,4% em 2021 e 6,5% no próximo ano.

"Inclusive com uma elevada incerteza sobre o rumo da pandemia, uma saída da crise sanitária e econômica é cada vez mais visível", afirma a economista chefe do FMI, Gita Gopinath, na introdução do WEO.

Em 2020, a contração de 3,3% provocada pela emergência sanitária gerou a pior recessão em tempos de paz desde a Grande Depressão.

As rápidas respostas governamentais evitaram um resultado muito pior, um colapso que poderia ter sido "ao menos três vezes maior", destaca Gopinath.

Para os Estados Unidos, país que aprovou um pacote de estímulo de 1,9 trilhão de dólares no mês passado, as projeções de crescimento para 2021 e 2022 são de 6,4% (+1,3 ponto) e 3,5% (+1 ponto), respectivamente.

A maior economia do mundo se fortalece graças ao avanço da vacinação - com mais de 3 milhões de doses aplicadas a cada dia -, que aliviou as restrições em setores muito afetados, como os restaurantes e o turismo.

Ao mesmo tempo, a economia da China, uma das poucas que cresceu no ano passado, vai crescer 8,4% em 2021, segundo o FMI.

- Recuperação desigual -


A economia dos Estados Unidos deve superar o nível do PIB anterior à pandemia este ano, assim como a China fez no ano passado, mas vários países não conseguirão este nível de recuperação até 2022 ou, em alguns casos, apenas em 2023 para as nações em desenvolvimento.

Inclusive entre os países desenvolvidos, na zona do euro, onde a campanha de vacinação está atrasada, o FMI espera que o crescimento alcance 4,4% este ano, um ritmo insuficiente para compensar a contração de 6,6% registrada em 2020.

E a região da América Latina e Caribe crescerá apenas 4,6%, após a contração de de 7% no ano passado.

O FMI advertiu que a crise de saúde continua sendo o fator crucial na recuperação econômica. A instituição destaca que a lenta vacinação em muitas nações em desenvolvimento aumenta o risco de agravamento dos focos de covid-19, e de uma diferença cada vez maior com os países ricos.

Os fechamentos de estabelecimentos comerciais para frear a propagação do vírus provocaram um dano às economias dos países em desenvolvimento que reduziu drasticamente a renda per capita, o que "reverteu os avanços na redução da pobreza".

O FMI calcula que quase 95 milhões de pessoas caíram na pobreza extrema em 2020 e o planeta tem 80 milhões a mais de desnutridos que antes.

- "Alto grau de incerteza" -


Gopinath disse que resolver a crise de saúde em todo o mundo exige uma coordenação para reverter um acesso à vacina "profundamente iníquo", no qual os países ricos estão com a maior parte da distribuição.

"As nações deverão trabalhar juntas (...) para garantir o acesso universal, inclusive por meio do financiamento do mecanismo Covax, do qual muitos países de baixa renda dependem em grande parte para receber as doses", afirmou a economista.

O FMI reconheceu que suas projeções globais têm um "alto grau de incerteza" e que podem melhorar em caso de aceleração da vacinação em todo o mundo, ou piorar se a pandemia se prolongar com o surgimento de variantes do novo coronavírus.

O organismo multilateral recomendou aos países membros a manutenção do rumo da política monetária e que continuem apoiando suas economias, mas com planos de estímulo "mais focalizados".

"Embora todos os olhares estejam voltados para a pandemia, é fundamental avançar na resolução das tensões comerciais e tecnológicas", destacou Gopinath.

O FMI fez um apelo aos países por uma cooperação para atenuar os custos da mudança climática, modernizar os impostos corporativos internacionais e lutar contra a fraude fiscal.

Além disso, a instituição afirma que no futuro os países também terão que atualizar a requalificação de milhões de trabalhadores cujos empregos desapareceram durante a crise.

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