Novo presidente do Banco do Brasil (BB), Fausto Ribeiro Neto enviou uma carta aos funcionários do banco nesta segunda-feira (5/4) para apresentar as prioridades da sua gestão. Ele assegurou, então, o compromisso de oferecer "retornos adequados aos nossos acionistas", mas lembrou que também é preciso atuar de "forma integrada e sinérgica" com o governo federal para contribuir com o desenvolvimento do país.
"O Banco do Brasil é de mercado e é do Brasil", destacou Fausto Ribeiro Neto, na carta enviada aos funcionários do banco, à qual o Correio teve acesso. "É de mercado, está listado em Bolsa, tem que ser lucrativo, competitivo e eficiente ao atender mais de 65 milhões de clientes no Brasil e no Exterior; e é do Brasil, porque cada brasileiro é um sócio desse Banco, que nos faz ser historicamente compromissados com o desenvolvimento econômico e social do país", explicou.
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o cargo deixado por André Brandão, Fausto Ribeito Neto foi nomeado na semana passada, em meio a críticas de integrantes do Conselho de Administração do BB. O presidente do Conselho, Hélio Magalhães, e o conselheiro independente José Guimarães Monforte chegaram a entregar o cargo por considerarem a troca da presidência do BB uma interferência política que ameaça a governança corporativa do BB.
Por conta desses atritos, Fausto Ribeiro Neto começa a carta aos funcionários destacando a sua carreira de 33 anos no BB, que começou em uma agência bancária em Planaltina de Goiás. Ex-presidente do BB Consórcio, o executivo ainda reconheceu que a indústria bancária vive um momento desafiador, devido ao surgimento de novas tecnologias e concorrentes. Por isso, ressaltou que "é inegociável buscar eficiência, lucros crescentes, rentabilidade compatível com as principais instituições financeiras. Um Banco competitivo a serviço do desenvolvimento do Brasil, promovendo a melhor experiência aos nossos clientes e o retorno adequado aos acionistas, controlador e minoritários".
Fausto Ribeiro Neto também destaca que o BB é um "patrimônio de todos os brasileiros" e que é preciso "cuidar do compromisso do Banco do Brasil com milhões de clientes pessoas físicas e jurídicas". "Tenho consciência de que esta grande Instituição, patrimônio de todos os brasileiros, com 212 anos de atuação, está diante de enormes desafios. Por isso, junto com todos os colegas do BB, tenho o compromisso de conduzir a Empresa no cumprimento de sua missão, oferecendo retornos adequados aos nossos acionistas, atuando de forma integrada e sinérgica com as diretrizes do seu controlador, o Governo Federal, e contribuindo para o desenvolvimento do País", escreveu.
Nesse sentido, o novo presidente do BB listou as "iniciativas estruturantes" que devem ser trabalhadas em sua gestão. São elas: acelerar a transformação digital e a inovação, para entregar a melhor experiência aos nossos clientes; buscar a integração de todos os canais da empresa, garantindo aos nossos clientes uma experiência única; fortalecer as linhas de negócios rentáveis do Banco buscando ampliar a base de clientes; compromisso integral com a austeridade e a eficiência na gestão de despesas e investimentos; priorizar a cadeia de valor do agronegócio, as micro e pequenas empresas, o crédito à pessoa física e o comércio exterior; efetuar alianças e parcerias estratégicas para ampliar competências que permitam a expansão dos resultados do BB; realizar desinvestimentos e reorganização societária em negócios com baixa complementariedade; ampliar a atuação da Fundação Banco do Brasil; investir em treinamento de alta performance; valorizar as pessoas e aumentar a retenção de talentos.
Home office
O novo presidente do BB ainda destacou o trabalho dos funcionários do banco, sobretudo os que continuaram em agências bancárias durante a pandemia de covid-19. E informou que a instituição vai manter as atuais regras de trabalho a distância durante a pandemia, além de continuar avançando "nos estudos para avaliar o melhor aproveitamento do home office no futuro".
A carta foi bem recebida pelos colaboradores do BB. Porém, para algumas fontes, também mostra o alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro, que criticou o plano de reestruturação anunciado por André Brandão, com aval do Ministério da Economia, para enxugar a rede de atendimentos e o quadro de pessoal do BB.