A Caixa Seguridade estreou na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) ontem com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) que movimentou R$ 5 bilhões. Controladora da empesa, a Caixa Econômica Federal ofereceu ao mercado 517 milhões de ações da Caixa Seguridade, que passaram a ser negociadas sob o código CXSE3. O preço do papel, fixado de acordo com a procura dos investidores, ficou em R$ 9,67 — dentro da faixa estimativa da oferta, que era de R$ 9,33 a R$ 12,67. E, no primeiro dia negociações, as ações subiram 3,93%, cotadas a R$ 10,05 no fechamento.
Foi o primeiro IPO de uma estatal no governo Bolsonaro e o maior valor alcançado por uma operação desse tipo na B3 este ano. Segundo dados da B3, 21 IPOs já foram realizados em 2021. Até agora, o maior volume de captação havia sido o da CSN Mineração, que levantou R$ 4,9 bilhões em fevereiro. Nas últimas semanas, algumas empresas chegaram até a estrear em baixa na bolsa, já que o mercado segue volátil diante das incertezas sanitárias e fiscais que rondam o Brasil.
“Era um dos IPOs mais aguardados há algum tempo”, explicou o CEO da B3, Gilson Finkelsztain. O IPO da Caixa Seguridade estava previsto para ocorrer no início de 2020, mas acabou sendo adiado por conta da pandemia de covid-19, que derrubou os mercados globais no ano passado. E, de acordo com o CEO da B3, atraiu muitos investidores devido ao perfil da empresa.
A Caixa Seguridade faturou R$ 35,9 bilhões em 2020 e responde por 13,5% do mercado de seguros do Brasil. Além disso, vê possibilidades de crescimento no curto prazo. Afinal, a pandemia de covid-19 aumentou a procura por seguros no Brasil, e a empresa pode explorar, até 2050, a ampla rede de atendimento da Caixa pelo Brasil para vender seus produtos.
Por conta desse potencial e do receio de ingerências políticas em estatais que tomou conta dos grandes investidores nos últimos meses, a operação também se diferenciou dos demais IPOs realizados neste ano pelo perfil dos que compraram as ações da Caixa Seguridade. É que a Caixa reservou 50% da oferta para o público do varejo, isto é, para pequenos investidores, que, normalmente, ficam com 10% das ofertas iniciais de ações realizadas no país.
“São 150 mil pessoas, das quais ao redor de 50 mil são aposentados e empregados. Nunca nenhuma empresa teve um número tão grande de empregados e aposentados participando de uma oferta. Isso demonstra claramente a confiança que os empregados da Caixa têm hoje”, avaliou o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, na B3.
Pedro Guimarães disse, ainda, que esses novos acionistas vão ajudar a manter a governança da Caixa e podem ajudar a evitar novos atos de corrupção no banco. “Hoje temos 150 mil novos investidores, e eles não vão deixar que a Caixa seja utilizada como foi no passado. Da próxima vez que tentarem utilizar a Caixa para fazer uma coisa que é incorreta, teremos 150 mil vozes discordando disso”, afirmou.
Membro do Conselho de Administração da Caixa, André Berenguer acrescentou que “ser uma empresa pública não significa não ter acionistas, como passamos a ter agora”. Os planos da Caixa na B3, por sinal, não param na empresa de seguridade. O banco também pretende abrir o capital da Caixa Cartões, da Caixa Asset e do banco digital que está sendo construído por meio do Caixa Tem, o aplicativo criado para viabilizar o pagamento de programas sociais como o auxílio emergencial na pandemia de covid-19.
Ganho
Com o IPO, a Caixa Econômica Federal vai reduzir de 15% a 17,25% a sua participação na Caixa Seguridade. Em troca, o banco captou R$ 5 bilhões, que, após a liquidação da oferta, vão gerar um ganho bruto de R$ 3,3 bilhões para a Caixa.
Analista de research da Ativa Investimentos, Leo Monteiro lembrou que a oferta de ações foi secundária. Logo, todo o capital levantado vai para a Caixa Econômica, na qualidade de acionista vendedor das ações da Caixa Seguridade. “O IPO faz parte do plano de privatizações e concessões do governo, no sentido de equacionar o problema fiscal do país. Dado que o deficit público se agravou consideravelmente na pandemia, é muito bem-vindo o sucesso da operação”, acrescentou o economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva.
Definido novo Conselho do BB
Apesar da demissão da Secretaria Especial de Fazenda, Waldery Rodrigues continua em postos-chave na equipe econômica. Ele segue como assessor especial do ministro Paulo Guedes e foi reeleito para o Conselho de Administração do Banco do Brasil (BB) para o biênio 2021/2023. Além de Waldery, o governo emplacou no conselho os nomes de Aramis Andrade, Iêda Cagni e Walter Ribeiro, além do novo presidente do BB, Fausto Ribeiro, indicado para suceder a André Brandão pelo presidente Jair Bolsonaro. Também foram eleitos conselheiros Débora Fonseca (indicada pelos funcionários), Paulo Evangelista e Rachel Maia (indicados pelos acionistas minoritários).
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