O governo federal informou nesta sexta-feira (23/4) que o censo demográfico que seria realizado em 2021 será adiado mais uma vez, pois o orçamento nacional deste ano sancionado na quinta-feira (22/4) pelo presidente Jair Bolsonaro não destina recursos para sua realização.
"Não há previsão orçamentária para o censo. Portanto, ele não se realizará em 2021", declarou em coletiva de imprensa o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues. "As consequências e gestão para um novo censo serão comunicadas ao longo deste ano", acrescentou, sem especificar datas.
Inicialmente, os recursos previstos para a realização da megapesquisa populacional eram de 2 bilhões de reais, mas durante a tramitação do projeto de lei orçamentária de 2021 o Congresso reduziu drasticamente o valor, para 71 milhões. Por fim, no orçamento nacional aprovado por Bolsonaro, ele foi reduzido ainda mais, para 53 milhões de reais.
O censo, uma ferramenta que retrata a realidade do país e é vital para um desenvolvimento eficiente de políticas públicas, é feito a cada dez anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O último foi em 2010 e o próximo era para ter sido realizado em 2020, mas foi adiado devido à pandemia.
Em março, o IBGE já havia alertado que o corte do Congresso inviabilizaria o censo, advertindo inclusive sobre sua importância para o avanço da vacinação e o planejamento da infraestrutura da saúde.
Um dia após a aprovação do corte pelos parlamentares, a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, renunciou ao cargo alegando motivos pessoais e familiares.
"Apagão estatístico"
O adiamento do censo demográfico brasileiro desencadeou uma avalanche de críticas entre demógrafos e sociólogos pelo que descreveram como um "apagão estatístico".
"Estou particularmente chocado com essa notícia, a perda do censo e a perda da cidadania. O planejamento do país necessita a cada dez anos desse detalhe minuncioso", disse à GloboNews Roberto Luis Olinto, ex-diretor do IBGE.
Políticos de oposição ao governo também criticaram a medida.
"O cancelamento do Censo 2021 diz muito sobre o Brasil de Bolsonaro, pautado pela desinformação, pelo desmonte de políticas públicas e pela falta de planos para o futuro do Brasil e dos brasileiros. Mais uma vez, Bolsonaro mostra que só pensa em si mesmo, não no futuro do país", afirmou no Twitter o deputado Alessandro Molon (PSB), líder da oposição na Câmara.
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