Pandemia

Rodoviários e garis exigem prioridade no programa de vacinação

Segundo o Ministério da Saúde, essas categorias de trabalhadores fazem parte dos serviços essenciais, mas ainda receberam tratamento diferenciado na fila de vacinação. No Distrito Federal, Sindicato de Limpeza Urbana cobra prioridade

Pedro Ícaro*
João Vitor Tavarez*
postado em 19/04/2021 23:42
 (crédito: Oswaldo Reis/Esp. CB/D.A Press - 14/8/14)
(crédito: Oswaldo Reis/Esp. CB/D.A Press - 14/8/14)

Em três meses, a vacinação no Brasil contra a covid-19 cobriu aproximadamente 12% da população, o equivalente a 26 milhões de pessoas. Com o ritmo lento de imunização e a escassez de vacinas, é grande a pressão de categorias de trabalhadores que reivindicam prioridade na fila. Profissionais incluídos na categoria de serviços essenciais, como rodoviários e garis, ameaçam cruzar os braços se não tiveram as reivindicações atendidas. 

No último dia 7, motoristas e cobradores de ônibus de Juiz de Fora (MG) paralisaram as atividades. A categoria exigiu lugar na fila de prioridade para receber o imunizante. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Coletivo Urbano Juiz de Fora (SinttroJF), organizador do protesto, relatou nove mortes de trabalhadores por covid. 

“Somos milhares de trabalhadores e trabalhadoras que estamos na linha de frente todos os dias desde o início desta pandemia. Temos contato direto com centenas de pessoas durante o nosso trabalho e infelizmente já perdemos muitos companheiros para a COVID-19 nos últimos tempos”, afirma a nota do SinttroJF.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 123.381 pessoas prioritárias receberam a primeira dose da vacina em Juiz de Fora, município com mais de 500 mil habitantes. “Todos os 853 municípios vão receber vacinas de acordo com a população estimada”, informou a Secretaria de Saúde de MG. A pasta também apontou que a distribuição dos imunizantes ocorre entre as 28 Unidades Regionais de Saúde, sempre acompanhadas de escolta.

Princípios da OMS

O Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde estabelece o setor de transportes na lista de prioridades. Mas, conforme o MS, “a seleção das populações na imunização foi baseada em princípios da Organização Mundial da Saúde (OMS) e feita em acordo com entidades como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)”.

No Rio de Janeiro e em São Paulo, os governos estaduais afirmaram que nenhuma categoria pretende paralisar os serviços e que seguem o calendário do Programa Nacional de Imunização (PNI). No entanto, representantes dos rodoviários estiveram reunidos durante três horas com representantes do governo de João Doria. Após ouvir a garantia de que seria incluída no calendário de vacinação, a categoria resolveu desmobilizar uma possível greve. Nesta terça-feira (20/4), o governo paulista anunciará que a vacinação dos funcionários do metrô e da CPTM (trens urbanos) começa em 11 de maio.

“Toda estratégia de distribuição das grades e inclusão de novos públicos segue os critérios técnicos definidos pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) e à medida que o Ministério viabiliza novos quantitativos. O Governo de São Paulo, seguindo a missão de salvar vidas, tem priorizado a imunização justamente dos públicos mais vulneráveis: profissionais de saúde, indígenas, quilombolas, idosos e adultos com deficiência residentes em instituições de longa permanência, além de avançar gradativamente na imunização dos idosos em geral — que representam 77% das vítimas fatais da COVID-19”, afirmou o Governo do Estado de São Paulo através da assessoria. 

No Distrito Federal, o Sindicato de Limpeza Urbana solicita ao GDF que inclua a categoria como prioridade na vacinação. “Fizemos uma manifestação semana passada e agora aguardamos posicionamento do governo para que nos inclua no programa de vacinação prioritário. Caso não tenhamos retorno vamos, sim, fazer uma paralisação que ainda não tem data prevista”, avisou o sindicato.


* Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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