Governo

Auxílio emergencial: Caixa estuda antecipar novas liberações

Presidente do banco, Pedro Guimarães avalia a possibilidade de novas mudanças no calendário de pagamentos do auxílio emergencial. Beneficiários que só teriam acesso ao recurso entre 4 de maio e 4 junho poderão efetuar o saque a partir de 30 de abril

Marina Barbosa
postado em 17/04/2021 07:00
 (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

O governo federal pode fazer novos ajustes no calendário de pagamentos do auxílio emergencial para antecipar os saques em dinheiro do benefício. A possibilidade foi anunciada ontem pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, um dia depois de o governo adiantar os saques da primeira parcela do novo auxílio.

“A partir da avaliação do pagamento deste primeiro ciclo, poderemos também antecipar os pagamentos dos ciclos dois, três e quatro. [...] Vamos avaliar como será este fluxo de pagamento e, se for como imaginamos, anteciparemos os outros meses”, afirmou Guimarães, em live realizada para apresentar o novo calendário de saques da primeira parcela do benefício.

O auxílio emergencial começou a ser pago no último dia 6 e será depositado até o próximo dia 29 nas contas sociais digitais da Caixa, que devem ser movimentadas exclusivamente pelo Caixa Tem. Porém, só poderia ser sacado entre 04 de maio e 04 de junho. O governo, no entanto, antecipou os saques para o período entre 30 de abril e 17 de maio depois que o presidente Jair Bolsonaro se queixou desse intervalo e após muitos brasileiros reclamarem de dificuldades no acesso ao Caixa Tem.

“Na possibilidade de saque, houve uma antecipação em todas as datas”, comentou Guimarães. O presidente da Caixa alegou, por sua vez, que a antecipação foi possível porque os pagamentos nas contas sociais digitais do Caixa Tem têm sido eficientes. Ele disse que o aplicativo registrou 1,1 milhão de operações, que movimentaram R$ 153 milhões em pagamentos de boletos e compras em débito, só na quinta-feira, quando o auxílio foi depositado para os brasileiros nascidos em maio. Por isso, acredita que muitas pessoas estão antecipando o uso do auxílio pelo aplicativo e, portanto, não precisarão fazer o saque em espécie do benefício, o que vai reduzir a movimentação e evitar filas nas agências da Caixa e nas casas lotéricas.

“Primeiro publicamos um calendário, vimos como era a dinâmica de pagamento – tanto pela questão de aplicativo quanto pela questão de potenciais filas – percebemos que estávamos muito bem e antecipamos”, comentou Guimarães. Ele ressaltou que outras antecipações do calendário de saques também devem seguir esse critério para serem confirmadas mais à frente. “Outros ciclos poderemos antecipar também, dependendo da dinâmica que tivermos nos pagamentos”, afirmou.

Atualmente, a previsão do governo é depositar a segunda parcela do auxílio emergencial entre 16 de maio e 16 de junho e liberar os saques desse recurso entre 8 de junho e 8 de julho. Já a terceira parcela será paga entre 20 de junho e 21 de julho e deve ter o saque liberado entre 13 de julho e 12 de agosto. A quarta e última parcela do novo auxílio tem os depósitos previstos para ocorrer entre 23 de julho e 22 de agosto, com os saques entre 13 de agosto e 10 de setembro. Caso não haja novas antecipações no calendário, portanto, os saques do auxílio vão se estender por quase seis meses (de abril a setembro), apesar de o benefício ter quatro parcelas.

Esse calendário e a mudança anunciada nesta semana, contudo, valem apenas para os beneficiários que não pertencem ao Bolsa Família, pois os integrantes do programa recebem e podem sacar o auxílio nos mesmos dias de pagamento. Neste mês, por exemplo, os depósitos do Bolsa Família começaram ontem e seguem até 30 de abril.

Caixa Tem
Pedro Guimarães admitiu, no entanto, que muitos brasileiros não estão conseguindo acessar o Caixa Tem e, consequentemente, usar o auxílio. Ele explicou que o acesso foi bloqueado para aquelas pessoas que trocaram de aparelho ou número de celular recentemente, para evitar fraudes no pagamento do auxílio emergencial. Neste caso, pode ser preciso ir a uma agência para desbloquear o aplicativo.

“Se o celular for trocado, mas fica o mesmo número, você pode conseguir fazer o desbloqueio automaticamente pelo aplicativo. Mas, se você trocou o número do celular, por uma questão de evitar fraude, há necessidade de ir à agência. Sabemos que várias pessoas têm o número pré-pago e trocam, mas isso é fundamental para proteger vocês. Quando há alguma desconfiança de fraude, há o bloqueio”, argumentou Guimarães.

Ainda ontem, a Polícia Federal deflagrou duas operações no interior de São Paulo com o intuito de coibir fraudes no auxílio emergencial. Segundo a corporação, organizações criminosas estavam usando programas de computadores para invadir as contas dos beneficiários do programa para desviar os recursos do auxílio emergencial. Em nota, o Ministério da Cidadania informou que contribuiu com a operação e continua atuando em conjunto com a Polícia Federal, a Receita Federal, o Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas da União para evitar fraudes no auxílio.

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Silva e Luna é eleito para comandar Petrobras

O general Joaquim Silva e Luna, indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foi eleito, ontem, pelo Conselho de Administração da Petrobras, como substituto de Roberto Castello Branco, que deixou a presidência da estatal depois de queixas do chefe do Executivo em relação à política de preços dos combustíveis. Além de confirmar o nome de Silva e Luna no comando da Petrobras, o colegiado aprovou a nomeação de vários diretores.

Rodrigo Araujo Alves fica no cargo de diretor executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores; Cláudio Rogério Linassi Mastella, para o cargo de diretor executivo de Comercialização e Logística; Fernando Assumpção Borges, diretor executivo de Exploração e Produção; João Henrique Rittershaussen, diretor executivo de Desenvolvimento da Produção. Nicolás Simone, manteve-se diretor executivo de Transformação Digital e Inovação, assim como Roberto Furian Ardenghy, diretor executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, e Rodrigo Costa Lima e Silva, diretor executivo de Refino e Gás Natural.

“As indicações dos executivos foram objeto de prévia análise pelo Comitê de Pessoas que assessora o Conselho de Administração da Petrobras”, informou, em nota, o Conselho de Administração. Silva e Luna, segundo analistas de mercado, na escolha dos quatro novos diretores, se pautou pela qualificação e optou por funcionários de carreira. Os novos executivos acumulam entre 13 e 38 anos de serviços prestados à estatal. Na nota, a Petrobras agradece aos antigos membros pela “liderança, dedicação e valiosa contribuição”.

Trabalho remoto
Luna já mostrou a que veio. Em um aceno ao Planalto, segundo analistas, anunciou não renovar o trabalho remoto dos funcionários (que vence em junho) até dezembro. Não seria motivo de apreensão se, pouco antes, Bolsonaro não tivesse criticado seu antecessor, por ficar “11 meses de home office” sem fazer nada. E, na primeira reunião da qual participou, no último dia 15, coincidência ou não, favoreceu os acionistas e relegou a segundo plano a política de investimentos.

Em entrevista recente, José Carlos Aleluia, conselheiro de Itaipu, disse que Luna é conhecido por seus modos “espartanos” e que as suas atitudes ascéticas também se refletem em um desdém pelo excesso e pela redundância. Para Aleluia, embora com um bom currículo, nada efetivamente aponta, a princípio, que o general tem cacife para comandar a Petrobras. Há fatos que parecem coincidência, mas que merecem um olhar atento, alerta César Bergo, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon/DF).

“A estatal, por exemplo, distribuiu R$ 10,2 bilhões em dividendos, a R$ 0,78 por ação. Uma medida ousada. A expectativa era de R$ 0,34 por ação. Foi uma sinalização sobre para onde vai o interesse da estatal e de que vai sobrar menos recursos para investimentos ou para arcar com as dívidas”, lembra Bergo. Para o economista, a “ousadia”, por outro lado, talvez tenha um efeito maior do que um susto.

Havia comentários dando quase como certa a mudança no cálculo dos repasses dos custos nos preços dos combustíveis, que passaram a ser imediatos. Essa foi demanda dos caminhoneiros, importante base de apoio do governo. A nova gestão, comentava-se, pretendia alongar o prazo para evitar o impacto nas bombas. “Mas agora a execução dessa estratégia tende a ficar mais difícil. Considerando o nível de governança, as diretorias técnicas deverão se debruçar ainda mais em estudos para evitar que a empresa perca dinheiro”, assinalou Bergo.

Jason Vieira, economista chefe da Infinity Asset, não se arrisca a apontar qual deverá ser o rumo da Petrobras. Segundo ele, o mercado preferiu olhar as questões globais e aguardar os primeiros passos dos novos presidentes e diretores. “Por enquanto, há uma profusão de opiniões, mas nada relevante. A posse precisar acontecer de fato. O comando tem que mostrar a cara. E aí vamos saber em que medida afetará a confiança do investidor”, mencionou Vieira.

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